Francisco de Assis

Francisco de Assis tem uma bibliografia enorme, inúmeros são os comentários, estudos e análises que sobre ele foram redigidos e publicados, mas, mesmo assim, a figura real e verdadeira de Francisco está longe de ter sido apresentada.
Muitos o veem apenas como o poeta da natureza, o cantor da luz, do sol, da vida e até da morte; outros o enxergam na ótica de um amor romântico e platônico com Clara, sua conterrânea; outros ficam no milagre dos estigmas, no estilo de vida pobre e humilde; outros, por fim, encaram-no com fundador e iniciador do movimento, que alavancou a Igreja, desde o século XII, o franciscanismo.
Muitos são os motivos pelos quais a figura real de Francisco é muito desconhecida ou pouco conhecida. Com efeito, Francisco nunca escreveu uma autobiografia e, no seu testamento, pouco fala de si. A maior parte de seus poemas, de suas cartas e a primeira regra escrita por ele, tudo se perdeu. Ademais, seus irmãos e seguidores logo se dividiram e cada corrente procurou interpretar as palavras e atitudes de Francisco segundo suas próprias concepções. “É paradoxal que o simples, o aberto, o tantas vezes comentado são Francisco, oculte-se atrás de um dos enigmas mais confusos da historiografia”. É que a figura real dos grandes homens sempre esconde sua realidade na grandeza de sua personalidade.
Poucos veem Francisco como um homem que procurou, até as últimas consequências, ser semelhante a Jesus, especialmente no sofrimento e na pobreza; poucos veem Francisco como um grande missionário popular do evangelho; poucos veem Francisco como o iniciador de uma nova época na Igreja pela sua vivência autêntica, sincera e profunda do Evangelho; poucos veem Francisco como um ser humano, que sofreu muitas doenças, chegando a ficar cego; poucos veem Francisco como um homem que lutou para mudar de vida, tendo a coragem de abandonar os prazeres que sua riqueza lhe permitia; poucos veem Francisco como ele realmente era.

 

MONS. PEDRO TEIXEIRA CAVALCANTE
Doutor em Teologia