“O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. Quando
está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e
recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam” (Mateus 13,47-48).
A graça do pescador é poder jogar as suas redes ao mar e dela puxar o
que ele precisa, o peixe para a sua sobrevivência. É claro que o
pescador vai ter discernimento, porque ele vai saber que, naquela rede,
não vieram somente peixes bons, peixes vivos e comestíveis; alguns
peixes estão estragados, e algumas coisas estragadas também vieram na
rede, e é preciso que o pescador faça a separação.
É verdade que, no fim dos tempos, Deus vai separar o que é bom do que
não é bom, mas é também verdade que, no tempo que nós estamos vivendo,
precisamos separar o que é bom daquilo que não é bom, o que presta
daquilo que não presta.
Vamos comprar livros – e há bons livros, graças a Deus! –, e há
livros que não servem, que não nos alimentam, que não fazem bem para a
nossa cultura nem para a nossa formação moral. E eu poderia dizer isso
de vários outros aspectos da vida, dos filmes que nós assistimos até da
comida que nós comemos e de tantas outras coisas.
É muito importante discernirmos o que entra em nosso coração, o que
escutamos das pessoas, o que vemos ao nosso redor. Precisamos ter o dom
do discernimento, e o dom do discernimento é o dom de separar, o dom de
saber escolher: “Isso é bom. Isso não é bom”.
Precisamos separar o que é bom daquilo que não é bom, o que presta daquilo que não presta
A mulher que vai ao supermercado tem um olhar clínico, ela sabe o que
presta para levar para a casa e aquilo que não é tão bom. Ela vai à
feira e vê todas aquelas frutas e legumes, ela sabe distinguir as que
estão boas e as que não estão. Precisamos dessa mesma sabedoria para a
vida, a sabedoria de saber discernir e distinguir, saber fazer escolhas,
porque, muitas vezes, estamos engolindo o que nos é colocado à frente e
não estamos separando o que é bom do que não é bom.
Assim como um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e
coisas velhas, precisamos separar também da vida aquilo que é velho,
aquilo que se estragou, aquilo que não serve mais. Não podemos ficar
acumulando, no guarda-roupa, em casa, coisas que não são mais
utilizadas, coisas que já envelheceram com o tempo, como também não
podemos deixar permanecer dentro de nós coisas que já estão velhas,
estragadas e que já passaram do tempo.
É sempre importante podar. As árvores são podadas, e é preciso
podarmos também o nosso coração, as nossas escolhas, aquilo que nós
realizamos.
A sabedoria do Evangelho é para ser aplicada na nossa vida cotidiana.
Precisamos de sabedoria para saber viver. Não é preciso ter muito
conhecimento, mas é preciso muito discernimento para as escolhas que nós
fazemos dia a dia na nossa vida. Aquele monte de papéis que vamos
juntando, separemos sempre, joguemos fora sempre tudo que recebemos,
tudo que ganhamos, mas não nos esqueçamos de olhar o que está dentro do
nosso coração, porque tem coisas que não servem para nada e ainda nos
destroem por dentro.
Deus abençoe você!
Padre Roger AraújoSacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova. Contato: padrerogercn@gmail.com – Facebook
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.