“Houve um homem enviado por Deus: o seu nome era João. Veio para dar
testemunho da luz e preparar para o Senhor um povo bem disposto a
recebe-lo” (Jo 1,6-7; Lc 1,17).
A Igreja celebra duas festas litúrgicas de São João Batista (cujo
nome significa “Deus é propício”), o seu nascimento (24 de junho), algo
muito especial, e seu martírio (29 de agosto). Além dele a Igreja
celebra o nascimento de Jesus, o Natal.
Cristo o elogiou acima de todos: “Entre todos os nascidos de mulher
não surgiu quem fosse maior que João Batista” (Mt 11,11). A ele foi
dito: “Serás profeta do Altíssimo, ó Menino, pois irás andando à frente
do Senhor para aplainar e preparar os seus caminhos”.
João Batista é o último profeta do Antigo Testamento e o primeiro
apóstolo, enquanto precede o Messias e lhe dá testemunho. “É mais que um
profeta – disse ainda Jesus. É dele que está escrito: eis que envio o
meu mensageiro à tua frente”. Dele foi dito: “Terás
alegria e regozijo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento, pois
ele será grande diante do Senhor” (Lc 1,14-15). “Uma voz clama no
deserto, abri um caminho para o Senhor! Aplainai na estepe um caminho
para o nosso Deus!” (Is 40,3).
O nosso Catecismo diz que João supera todos os profetas dos quais ele
é o último (n.523). Ele veio antes do Senhor com o espírito e o poder
de Elias” (n. 696). João Batista proclama a iminência da consolação de
Israel; ele é a “voz do Consolador que vem” (n.719). Com ele o Espírito
Santo começa a restauração do homem “na semelhança divina” (n.720).
João encarna o caráter forte de Elias. A sua missão de fato será
semelhante “no espírito e no poder” do profeta Elias, enviado para
preparar um povo perfeito para a chegada do tão esperado Messias.
João foi santificado ainda no seio materno quando da visita de Nossa
Senhora a Santa Isabel, já grávida do Menino Jesus. A criança que vai
nascer percebe a presença de Jesus “estremecendo de alegria” no ventre
materno. Enviado por Deus para “endireitar os caminhos do Senhor,” foi
santificado pela graça divina antes mesmo de nascer. “Eis – diz Isabel,
repleta do Espírito Santo, a Maria – quando tua saudação chegou aos meus
ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu ventre Ele foi
escolhido por Deus, desde o ventre de sua mãe Santa Isabel, para ser o
precursor do Senhor; aquele que deveria anunciá-lo ao mundo, como o
“Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1,29). Ele mostrou
como ninguém, a identidade e a missão do Senhor. O mal do mundo tem
nome: pecado; e Jesus veio tirá-lo do mundo; é a Sua missão e missão da
Igreja.
Santo Agostinho diz: “Quando ele já anunciava o Senhor,
perguntaram-lhe: Quem és tu? (Jo 1,19). E ele respondeu: Eu sou a voz do
que clama no deserto (Jo 1,23). João é a voz; o Senhor, porém, no
princípio era a Palavra (Jo 1,1). João é a voz no tempo; Cristo é, desde
o princípio, a Palavra eterna”.
João pregava com energia: “Convertei-vos, pois o reino dos Céus está
próximo…”. “Raça de víboras! Quem vos ensinou a fugir da ira iminente.
Fazei pois uma conversão frutuosa… O machado já está posto à raiz da
árvore. E toda árvore que não der fruto bom será cortada e lançada no
fogo. Produzi fruto que mostre vossa conversão… Eu vos batizo com água,
para a conversão. Mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que
eu. Eu não sou digno nem de levar suas sandálias. Ele vos batizará com o
Espírito Santo e com fogo” (Lc 3,1-12; Mt 3, 2, 8, 11).
João lavou nas águas do Jordão Aquele que lava os nossos pecados. Ele
batizou Aquele que nos batiza na Sua Morte e Ressurreição. Viveu no
deserto para fazer penitência e se preparar para sua futura missão.
Ministrava ao povo o batismo de penitência, ao qual Jesus também
acorreu, por humildade, como o Servo de Javé que se faz solidário com os
pecadores. Jesus quis ser batizado por João. João quis recusar,
dizendo: “Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?…” (Mt
3, 14-17).
São João Batista não escondia a verdade de Deus nem mesmo ao Rei
Herodes Antipas, mesmo diante do martírio por ter denunciado ao
adultério do Rei com Herodíades. Além de sua humildade e penitência, a
firmeza de caráter era a marca registrada de João Batista; ele foi fiel
imitador de Jesus Cristo, e aceitou morrer para testemunhar a verdade. É
uma lição para nós hoje, diante de tanto relativismo moral e religioso,
dentro e fora da Igreja. Bento XVI nos conclamava a não te medo, como
João Batista, do “martírio da ridicularização”, a que nos quer submeter a
“ditadura do relativismo”, como, por exemplo, essa ignomínia chamada de
“ideologia de gênero”, que destrói a pessoa, o casamento e a família
cristã.
João Batista, desde o ventre materno, procurou Jesus e apontou Jesus
para o outros: “É preciso que Ele cresça e eu desapareça” (João 3,30).
Como o Batista, o cristão não pode conduzir os outros para si mesmo, mas
para Jesus; pois só Jesus salva (cf. At 4,12). João nos alerta: “No
meio de vós está quem não conheceis” (João 1,26). “É este de quem eu
disse: Depois de mim virá um homem, que me é superior, porque existe
antes de mim… Eu o vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus”
(João 1, 30-34). Como João, o cristão deve dar testemunho de Jesus.
Prof. Felipe Aquino
Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova,
apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na
Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana
prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior.
Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e
Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br Twitter: @pfelipeaquino
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