“Exemplo de humildade”
Abriu-me os ouvidos
A liturgia do Domingo de Ramos é festiva na primeira parte,
celebrando a Entrada de Jesus em Jerusalém, aclamado como o Messias que
vem em nome do Senhor. A seguir há o ritmo quaresmal voltado para a
Paixão do Senhor. É o mistério pascal em uma síntese. O Messias sofredor
é o Senhor ressuscitado. Isso nos leva a não vermos a Semana Santa só
sob o signo da dor, mas também da glória. Compreendemos esse momento ao
ouvir a leitura de Isaias com o poema do Servo de Deus que tem os
ouvidos abertos para prestar atenção como discípulo. Obediência não é,
em primeiro lugar, cumprir ordens. É ter a capacidade de ouvir e
realizar o projeto de Deus para nossa vida, como o fez Jesus. É nessa
obediência que encontra resistência para passar pelo sofrimento:
“Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a
barba”. Por isso “não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto
impassível como a pedra, porque sei que não serei humilhado” (Is
50,6-7). O salmo reflete o profundo sofrimento e abandono que Jesus
sente na cruz: “Por que me abandonastes?” Mesmo assim se ergue e diz:
“Anunciarei o vosso nome aos meus irmãos” (Sl 21). Ele assumiu a
condição de escravo... Humilhou-se a Si mesmo, fazendo-Se obediente até à
morte, e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou” (Fl 2,6-11). Em Jesus o
Pai quis dar exemplo de humildade (oração). Deus quis dar aos homens um
exemplo de humildade... por isso quis que nosso Salvador se fizesse
homem e morresse na cruz. Assim aprendamos para ressuscitar com Ele. É o
único caminho válido para a fé cristã.
Palavras que são caminho
Estamos acostumados a ouvir e a nos comover com a narrativa da Paixão
de Jesus. Não basta a comoção que logo passa. Ela é um caminho de
reflexão e um projeto de vida. As palavras pronunciadas por Jesus são um
catecismo espiritual. O primeiro passo é o perdão aos inimigos. Esse é o
projeto de paz e purificação. Ganha quem perdoa. É um passo grande na
vivência do mistério de Cristo. Isso se concretiza no perdão ao ladrão
que lhe diz: “Lembra-te de mim quando entrares no teu reinado” – “Em
verdade te digo: ainda hoje estarsá comigo no Paraíso (Lc 23,42). A
redenção é um ato total e completo. Não deixa para depois. Sofrer com
Cristo é ter essa chave do paraíso. Com voz forte, em um grito diz:
“Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito”. O caminho espiritual de
Jesus, que é seu Evangelho, está todo e sempre direcionado ao Pai. Sua
morte é a escola de como servir e amar o Pai. É com todo vigor que Se
entrega a Deus. Não há meias palavras. Jesus não vê sua morte como
derrota. Ele a vê como a vitória que vence a morte, porque Ele a sofre
já vivo no coração do Pai. Eis a tua Mãe, é o caminho da ternura
implantado em sua Mãe.
Por isso Deus O exaltou
A morte não é o fim, mas o caminho para a vida. Sabemos que Jesus
ansiava por esse momento. Disse: “Devo receber um batismo (morte) e como
me angustio até que esteja consumado” (Lc 12,50). O desejo de Cristo de
realizar a vontade do Pai O leva a buscá-la ansiosamente realizar esse
projeto. Por que chegar ao extremo do amor? O Pai não queria o
sofrimento do Filho. Mas o Filho sabe o que vai lhe acontecer porque há a
grande recusa dos chefes. Isso Jesus descreve em suas parábolas e
durante seu ministério está sempre em choque com esses homens que não
entenderam o projeto de Aliança que lhes fora concedido. De
beneficiários das promessas passaram a donos do projeto em proveito
próprio. A morte de Jesus é sua vitória. Por isso Deus O exaltou (Fl
2,9).
Leituras: Lucas 19,28-40; Isaias 50,4-7;Salmo 121; Filipenses 2,6-11; Lucas 23,6-11
Ficha: nº 1848 - Homilia do Domingos De Ramos (14.04.19)
1. A obediência de Jesus o põe em atitude de total entrega ao Pai.
2. As palavras de Jesus na Cruz são um caminho espiritual.
3. Jesus realiza o desígnio do Pai porque sabe que Nele está seguro.
A saga do jumento
Jesus entrou em Jerusalém montado num jumentinho. Há parábolas que o
põem em atitudes ridículas. Mas ele tem seu lugar no mistério de Jesus,
pois o levou na gloriosa entrada na Cidade Santa. A inocência do animal o
deixa animal. Mas cumpriu o que lhe cabia.
Isso se torna para nós uma parábola. Podemos, mesmo não sabendo tanto
o que está acontecendo em nossa vida, em nossas atitudes, mas fazemos o
que devia ter sido feito. O que não ficará sem o reconhecimento. Certo
que temos consciência, o que nos compromete mais. Em nossa fragilidade
podemos não perceber tudo o que fazemos, mas nem por isso deixa de ser
realizado o mistério de Deus em nossa vida. A obra não se concluirá só
porque temos perfeição do que sabemos, mas sim perfeição com que a
realizamos, mesmo sem entender tudo.
Não existe ninguém sabido que entenda tudo e não há alguém tão frágil que não realize nada porque não entende nem sabe.
Fonte - https://www.a12.com/reze-no-santuario/deus-conosco
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