“O tesouro do coração”
Conselhos que dão vida
Jesus descera da montanha com os apóstolos e encontrou os discípulos e
a multidão que acorrera de todos os lados para ouvi-Lo e serem curados.
Em poucas e práticas palavras faz seu ensinamento. Conhecia muito bem
nossos relacionamentos e como nosso coração se embaralha por não saber
seu lugar. Ele nos coloca diante de nós mesmos para que possamos nos
conhecer e tomar atitudes coerentes na convivência fraterna. Aplica bem a
situações concretas que se fixaram na comunidade: Um cego não pode
guiar outro cego; o discípulo não é maior que o mestre; o cisco no olho
do irmão; a árvore é reconhecida pelos frutos; não se colhe figo de
espinheiro; o homem bom tira coisas boas de seu coração; a boca fala do
que o coração está cheio. Podemos entender nesse texto evangélico a
necessidade de ser bom na comunidade. Para guiar os outros é preciso ter
sabedoria, como mestre. E exemplifica dizendo que, se não formos bons
não daremos frutos bons. Somos um espinheiro. É preciso ter um bom
coração para ser mestre. Esse sim, tem uma riqueza muito grande a
contribuir na comunidade. Assim se tem uma vida como um cedro que
floresce na casa do Senhor. A vida da comunidade não depende de boas
estruturas, de boas reuniões e técnicas, que muito ajudam, mas da
profundidade da vida de cada um de seus membros. Aprender o bem viver é
dar vida ao próprio coração. Cada um reconhecendo as próprias limitações
poderá dar uma excelente vida aos irmãos.
O coração cheio de vida
Jesus, como conhecia a vida e o coração das pessoas e, sabia o que o
homem tem em seu coração (Jo 2,24), tinha condições de falar com
propriedade para rica a vida da comunidade. Não exige muito
conhecimento, mas que sejamos capazes de criar uma excelente vida em
comum. O escritor do livro do Eclesiástico também era conhecedor da
pessoa e de seus relacionamentos, mostra que o homem se manifesta pela
sua conversa. Por ela a pessoa se revela. Usa a bela imagem da peneira
que separa o bom do ruim, separando os refugos. Os defeitos do homem se
revelam no seu falar (Eclo 27,5). Esses eram provérbios que estavam na
boca do povo. Jesus o usa: “O homem mau tira coisas más de seu mau
tesouro. A boca fala do que o coração está cheio” (Lc 6,45). “Como o
forno prova os vasos do oleiro, assim o homem é provado em sua conversa.
A Palavra mostra o coração do homem” (Eclo 27,6-7). Regras não regulam
uma comunidade, mas sim o coração. Jesus propõe as bem-aventuranças para
que os seus possam viver intensamente a vida da comunidade. Procuramos
fazer muitos esquemas de vida, mas somente as bem-aventuranças podem nos
dar a certeza de um caminho seguro.
A morte foi tragada
Paulo encerra a primeira carta aos Coríntios com a reflexão sobre a
certeza da ressurreição de Cristo, garantia de vitória sobre a morte e
ressurreição de todos. O futuro de todos está garantido na simplicidade
da vida nova, no corpo ressuscitado. Cristo venceu a morte. E essa não
tem mais domínio, nem mesmo sobre o homem. Como personificasse a morte,
diz que essa usou do pecado para que a morte dominasse. Ela espetava a
humanidade. Paulo convida todos a “serem firmes e inabaláveis,
empenhando-vos cada vez mais na obra do Senhor, certos de que as vossas
fadigas não são em vão, no Senhor” (1Cor 15,58). A fé não é somente crer
em uma doutrina, mas, dela, se deve tirar as direções da vida no
cotidiano. Crer na ressurreição justifica ter um coração vivo no Senhor.
Leituras: Eclesiástico 27,5-8; Salmo 91; 1 Coríntios 15,54-58; Lc 5,39-45
Ficha nº 1836 - Homilia do 8º Domingo Comum (03.03.19)
1. O texto do evangelho é um convite a sermos bons para que a comunidade seja boa.
2. A pessoa fala do que tem no coração. Dali é que sai tudo o que o homem é.
3. Crer na ressurreição justifica ter um coração vivo no Senhor.
De boca fechada
Às vezes a gente diz que uma pessoa é bela, mas não deixa que abra a
boca, pois pode sair muita asneira. É o pensamento das leituras de hoje.
Jesus é claro: A boca fala do que o coração está cheio (Lc 6,45) e o
homem é provado pela sua conversa (Eclo 27,6).
Diante dessa verdade, somos convidados a olhar nosso interior para
que nossas palavras tenham direito a uma fonte melhor. Vivendo bem, as
palavras se tornam um ensinamento. Quando dizemos que um pregador não
consegue dizer nada, é porque seu coração não tem nada. Pior, só tem o
que não precisa.
https://www.a12.com/reze-no-santuario/deus-conosco
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