“As muitas faces do amor”
Como podemos amar?
Continuando a pregação de Jesus entramos em uma questão que é o forte
de sua pregação. Demonstra essa atitude no momento de sua morte quando
diz: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Nessa
parte de seu discurso aos discípulos ensina sobre o amor aos inimigos.
Inimigo não é só aquele que me mata, mas aquele que me faz sofrer. Jesus
apresenta aqui a cultura do amor que bloqueia todo ódio, toda vingança,
toda a maldade. Não se trata de ser bobo, mas mais inteligente que
parecemos ser. Podemos sintetizar nas palavras: ir além do que se
espera. Se esperam uma resposta correspondente ao mal que recebemos,
damos a resposta do amor: Amar os inimigos e fazer bem a quem nos
odeia... bendizer a quem nos amaldiçoa... oferecer a face esquerda a
quem bate na direita... dar o manto a quem toma a túnica... não cobrar o
que te levam. Que vamos fazer de especial se fizermos o que os maus
fazem? “O que desejais que os outros vos façam fazei-o também vós a
eles” (Lc 6,31). Como o mandamento do amor se refere ao relacionamento
com os outros, Jesus mostra como viver esse relacionamento com aqueles
que não pensam como nós, nem são como nós. Esse negócio de viver somente
no próprio grupo de gente igual a nós, nosso clubinho, não é caminho do
evangelho, nem é evangelizador. É o exemplo que recebemos de Davi que
teve em suas mãos seu maior inimigo, o rei Saul, e não se vingou dele.
Daí podemos ver como somos desejando a morte dos perigosos e inimigos.
Concordar com a morte de alguém é ser seu assassino.
O Pai é o modelo
O salmo nos leva a rezar a bondade de Deus que Jesus nos apresenta
como modo normal de vida cristã, pois é o normal na vida de Deus para
conosco. Ele perdoa toda culpa e cura toda enfermidade... O Senhor é
indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e compassivo, tira da
sepultura a tua vida e te cerca de carinho e compaixão... Como um pai se
compadece de seus filhos o Senhor tem compaixão dos que o temem (Sl
102). Jesus nos estimula a ter os sentimentos de Deus. Somos estimulados
a ter os mesmos sentimentos de Deus: amor, perdão e misericórdia. Não
dependo dos outros para assumir o que é de Deus. Não nos medimos pelo
mal alheio. Ao cuidar de nós, o Pai vai além de tudo que possamos
imaginar. Deus sempre chega primeiro. Por isso, a atitude cristã em
relação aos outros, sobretudo aos que nos criam dificuldades deve ser a
mesma do Pai. Chegamos primeiro e o que fazemos supera toda expectativa.
O mal é inferior ao bem que possamos fazer. O mal passa, o bem
frutifica porque está plantado no jardim do coração do Pai. Produz os
mesmos frutos. Como o Pai sabe do que precisamos, já bem antes de o
dizermos (Mt 6,8), assim podemos dar passos em direção aos outros no
amor e não apenas receber.
Imagem do homem celeste
São Paulo nos explica em Coríntios (1Cor 15,45-49) sobre o homem
natural e o homem espiritual. O homem terrestre foi tirado da terra, o
homem espiritual vem do Céu. Não se trata de personalidades diferentes,
mas daquilo que está em nós por sermos humanos e por sermos feitos à
imagem e semelhança de Deus. Em tudo o homem é devedor da terra, mas o é
também devedor do Céu. O primeiro homem foi um ser vivo. O segundo Adão
é um espírito vivificante. Com Cristo surge entre nós o homem celeste,
voltado para as coisas de Deus. Não deixa de viver na terra, mas vive do
modo de Deus. Por isso existe essa maravilha do amor de Deus presente
em nós produzindo frutos.
Leituras:1Samuel 26,2.7-9.12-13.22-23; Salmo 102; 1Coríntios 15,45-49; Lucas 6,27-38
Ficha nº 1834 - Homilia do 7º Domingo Comum (24.02.19)
1. Em resposta ao ódio se apresenta algo maior, o amor.
2. Jesus estimula a ter os sentimentos de Deus
3. O homem terrestre viva a modo de Deus.
Tapinha nas costas
Em um exército de inimigos, não resolvem muitas armas. Uma só vale:
um tapinha nas costas. Mata mais que muito furor. É o ensinamento de
Jesus. Não sabemos como funciona. Mas funciona, pois sua ressurreição
foi capaz de dar um rumo novo para o mundo. Jesus nos deu um tapinha nas
costas para dizer: vai tudo muito bem.
A doutrina do perdão aos inimigos é uma contracorrente que tem força
superior, pois a maldade passa, o amor permanece. Quem não se deixa
vencer pelo mal, mas vende pelo bem, é capaz de sobreviver em qualquer
circunstância.
Fonte - https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=3876209279644918514#editor/target=post;postID=3947444768660871929
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