“Aliança do coração”
Se o grão de trigo não morre
Na Santa Ceia, Jesus instituiu a
Eucaristia para ser Memória de sua Morte e Ressurreição. (Memória não é
lembrança. É atualização do mesmo fato). Naquele momento, tomando o
cálice, disse: “Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da
aliança, que é derramado por muitos para a remissão dos pecados” (Mt
26,27). Uma aliança tem um ritual de sacrifício, como podemos ver nas
alianças do Antigo Testamento. O sangue do sacrifício selava o contrato –
aliança de Deus com o homem. Deus sela a aliança conosco no sangue de
Jesus. O profeta Jeremias anuncia uma aliança de mútua fidelidade, pois
está escrita no coração, porque se conhece o Senhor. “Não será
necessário ensinar mais seu próximo ou seu irmão dizendo: Conhece o
Senhor” (Jr 31,34). Com essa aliança no sangue de Jesus, acontece o
perdão. Ele, explicando que por sua morte dá a vida, faz a comparação
com a semente que tem que morrer para dar fruto. Essa parábola ensina
que é preciso entregar a vida: “Quem se apega a sua vida perde-a; mas
quem pouca conta faz de sua vida nesse mundo, conservá-la-á para a vida
eterna” (Jo 12,25). Por sua obediência ao Pai, se tornou causa de
salvação eterna para todos os que lhe obedecem (Hb 5,8-9). Ao ser
elevado da terra, na crucifixão, vai atrair todos a Si. A morte não
encerra a vida de Jesus. O efeito dessa aliança é eterno. Não há que
temer em seguí-Lo: “Se alguém Me quer seguir, siga-Me, e onde Eu estou
estará também o meu servo” (Jo 12,26). Não temos que temer as muitas
mortes que temos que ter na vida. Elas são motivo de vida e mantêm a
aliança.
Caridade da cruz
A oração da missa nos ajuda a rezar uma
realidade muito importante para nossa vida cotidiana: “Senhor nosso
Deus, dai-nos, por vossa graça, caminhar com alegria na mesma caridade
que levou o vosso Filho a entregar-Se à morte no seu amor pelo mundo”. A
obra da Redenção não é somente o resultado de uma recusa por parte dos
chefes do povo, mas é também uma escolha de como entendia ser Redentor.
Para Ele redimir, era amar. A caridade que o Pai usou ao enviar seu
Filho ao mundo, é o modo como escolheu para realizar esta obra. O modo
de redimir amando vem de seu amor ao Se encarnar. A obra da encarnação e
da redenção é realizada no amor. Sto. Afonso, ao falar da Eucaristia,
diz que ela é memória do amor que Cristo manifestou em sua morte na
Cruz. Seu ensinamento é perder para ganhar. O seguimento de Jesus só vai
acontecer quando realizarmos em nós o seu projeto de vida: “Se alguém
Me quer seguir, siga-Me, e onde Eu estou, estará também meu servo” (Jo
12,26). Seguindo Jesus refletimos sua imagem.
Oração sempre é ouvida
O sofrimento é uma questão muito séria e
mal compreendida na vida cristã. Dizemos que estamos sofrendo e Deus
não escuta nossa oração. Alguns ainda têm a ousadia de dizer que não
rezamos bem, por isso Deus não nos escuta. É Jesus mesmo que nos dá a
resposta a essa questão, pois Ele, vivendo a condição humana passou por
muitos sofrimentos, sobretudo no final de sua vida. Vimos na dolorosa
cena do Horto das Oliveiras na qual Jesus implora ao Pai em “preces e
súplicas com forte clamor e lágrimas à que era capaz de salvá-Lo da
morte”. Sofrimento terrível. “E foi atendido”. Na cruz lamentou o
abandono. Foi atendido na Ressurreição. “O Pai sabe o que precisais,
antes que vos o peçais”(Mt 6,8). Nem sempre esperamos as respostas ou só
queremos as respostas como pensamos e não como Deus pensa o melhor para
nós. Sua oração é sempre boa.
Leituras: Jeremias 31,31-34;Salmo 50; Hebreus 5,7-9;João 12,20-30
- Deus sela aliança conosco com o sangue de Jesus. Assim nos salva.
- A redenção é uma obra do amor de Jesus.
- Deus sempre atende nossas orações no sofrimento. Como Ele quer.
Cartilha do Amor
Há muitos modelos. Mas só uma cartilha ensina tudo: viver
e morrer. Essa cartilha é a vida de Jesus. Vimos como soube explicar
bem que a vida tem que perder muito para viver muito. Perder é deixar
fora o que não resolve e ficar com o essencial que é o amor.
A gente fala de amor, como uma mania. Jesus não tinha
mania de dizer, mas o jeito de fazer. Faz até uma comparação com a
semente que produz vida e planta só depois que deixa de ser semente.
Quem quiser acertar o passo com Ele tem que fazer como
fez: onde estou estará também meu servo. Deus quis seu Jesus assim.
Assim nos quer também.
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