Homilia do Domingo de Ramos (09.04.17)
Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“Bendito o que vem em nome do Senhor”
Exulta, filha de Sião.
A liturgia deste domingo tem dois momentos: A alegria da procissão de
Ramos e uma séria missa de Quaresma. Abrem-se para nós as comemorações
dos dias em que o Senhor se entregou à morte e chegou à glorificação.
Jerusalém estava cheia de gente que viera para a festa da Páscoa, festa
da libertação da escravidão do Egito e festa de toda a salvação que Deus
oferecera ao povo. Jesus vem à festa e faz o ingresso triunfal, como o
rei prometido, como diz o Profeta Zacarias: “Exulta! Solta gritos de
alegria Jerusalém, eis que o teu rei vem a ti; Ele é justo e vitorioso,
humilde montado sobre um jumentinho, filho da jumenta" (Za 9,9). Ele é o
grande rei, descendente de Davi, o Messias. Ele não vem como um
glorioso príncipe cavalgando cavalo de guerra, mas o humilde jumento,
como o fizera Davi. E o povo entendeu. O povo O acolheu. Os chefes O
recusaram e mataram. Quiseram silenciar o povo: “manda que eles se
calem! Jesus respondeu: “Se eles se calarem as pedras gritarão!” (Lc
19,40). Jesus não foge de sua missão de humildade e simplicidade. Esta é
a grande missão que dá à Igreja. A Igreja quer continuar a acolher seu
Rei glorioso e imitar-lhe a humildade. Infelizmente a tentação do poder e
da glória é muito em muitos da Igreja, sobretudo no campo do poder. Às
vezes percebemos que os prediletos de Jesus ficam de lado na estrutura
da Igreja e de sua pastoral. Por isso ficam abandonados à sanha de
aproveitadores.
O Servo Sofredor
Na segunda parte da missa, na primeira leitura, ouvimos a narrativa
de Isaías sobre o servo sofredor que não perde sua confiança em Deus e
está pronto a aprender através do sofrimento. Continuando a conhecer
Jesus, S. Paulo em Filipenses mostra-nos o caminho de Jesus para salvar:
faz-se humilde, servo, toma a forma humana e em tudo se faz como um de
nós. Faz-se obediente, como se diz em Isaías. Obediente quer dizer
aquele que tem os ouvidos abertos para saber o que Deus quer e seguir
seus caminhos. Pelo seu sofrimento é ouvido por Deus e glorificado.
Agora, em Jesus, está glorificada nossa humanidade assumida por Ele na
condição de fragilidade para restaurá-la e glorificá-la com Ele. Nesta
missa temos a leitura da Paixão de Jesus. Ler a Paixão significa
aprender, recordar para viver melhor. Não podemos perder de vista a
história e os acontecimentos de nossa Redenção. Proclamar o
acontecimento é fazê-lo vivo entre nós e fazer-nos participantes dos
frutos deste mistério. Temos que retratar em nós a vida de Jesus em seu
momento de glória, humildade e sofrimento.
Memória que dá vida
Vivemos num mundo que pode ser chamado de ateu, descrente. Os
cristãos não ficam atrás. Fazemos um cristianismo nossa imagem, com a
mentalidade do mundo, avessa ao evangelho. A renovação anual da
celebração pascal quer trazer à nossa memória o que Deus fez por nós em
Cristo. É fundamental que isso se concretize, pois lembrando os fatos,
podemos retomar a estrada. Assim nos voltamos para Ele e renovamos nosso
coração. Vamos à procissão de ramos e levamos os ramos para casa. Este
gesto simpático significa tomar uma atitude de comprometimento com
Cristo de ser de seu Reino e ser dDele. Toda celebração é memorial:
realizamos os gestos, ouvimos o anúncio da Palavra que concretiza a
realidade e nos dá condições de participar da mesma verdade anunciada.
Por isso é bom procurar conhecer os textos e participar dos mistérios
celebrados.
Leituras: Mt 21,1-11; Is 50,4-7; Sl 21; Fp 2,6-11; Mt 27,11-45.
Ficha nº 1638
- A liturgia de Ramos nos leva à glória o acolhimento de Jesus e a
seu sofrimento. Participando, acolhemos em nós seu mistério e
participamos de sua glória.
- Na liturgia eucarística vivemos o mistério do Cristo sofredor que
se humilha para ser exaltado pelo Pai. A Igreja é convocada a viver sua
humildade no poder.
- O cristianismo não pode ser feito a partir da mentalidade do mundo.
É momento de renovar o coração. Celebrar é viver o mistério e
atualizá-lo em nossa vida.
Escolinha de Jesus
Há muitos tipos de escola. Jesus abriu a sua: Ele é o primeiro aluno
do Pai que abriu vagas para quem quisesse. Na primeira leitura lemos:
“Ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção
como um discípulo” (Is 50,4). São Paulo nos pede para ter os mesmos
sentimentos de Cristo na sua humildade que vai ao extremo. O diploma
dessa escola é a Ressurreição: “Por isso Deus o exaltou” (Fl 2,9).
A tarefa de Jesus é a humildade. Na oração rezamos: “Deus, para dar
aos homens um exemplo de humildade... concedei-nos aprender o
ensinamento da Paixão e ressuscitar com Ele na glória”.
É este o ensinamento do Domingo de Ramos: A Glória e a Paixão. É
apresentado Jesus em sua glória ao entrar em Jerusalém. Isso sustentará
os discípulos na Paixão. Jesus vem como Rei para ser proclamado no alto
da Cruz. A espiritualidade é acompanhar Jesus nos seus passos.
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