Homilia do 28º Domingo Comum (09.10.16)
Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
Missionário Redentorista
“Tua fé te salvou”
Agradecer é sinal da fé
Em seu caminho para Jerusalém Jesus
instrui seus discípulos. Na cura dos dez leprosos ensina sobre milagre e
sua presença na obra da Redenção. O milagre é o anúncio da inauguração
do Reino de Deus: “Se é pelo dedo de Deus que expulso demônios, então,
com toda certeza é chegado a vós o Reino de Deus (Lc 11,20). Mas é
também um momento da fé em Jesus como Salvador, não somente como
curador. Como vimos no evangelho do 27º domingo comum, a fé tem uma
força transformante e nos põe a serviço do Reino na gratuidade do dom
que nos foi feito. O texto que narra a cura dos 10 leprosos ensina que a
fé não é somente crer e receber um “milagre”, mas colocar-se em
relacionamento com Deus em Cristo. Jesus, ao fazer o milagre, espera que
haja uma mudança no coração. Dez foram curados. Somente um veio
louvando a Deus e agradecendo. Jesus reclama com certa dor: “Não foram
dez os curados? E os outros nove, onde estão? Não houve quem voltasse
para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” (Lc 17,17-18). Os
outros foram apresentar-se aos sacerdotes responsáveis para o atestado
de cura da lepra. Assim eram reintegrados na comunidade para todos os
efeitos. Estavam puros. Por que essa atitude de Jesus? A cura que Ele
realiza é para provocar a fé Nele como Salvador. A fé se desenvolveu no
samaritano e o levou a Jesus e, por Ele, à glorificação do Pai. Jesus
lhe diz: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou” (19). Foi o mesmo gesto do
general sírio leproso depois de sua cura: “Teu servo já não oferecerá
holocausto ou sacrifício a outros deuses, mas somente ao Senhor” (2 Rs
5,17). O milagre conduz ao louvor que é o reconhecimento de Deus.
A salvação dos povos pela fé
A fé que Jesus exige é exemplificada na
cura de Naamã, general sírio. O profeta manda que se lave sete vezes no
rio Jordão. O número sete quer dizer uma ação completa. Naamã muda sua
mentalidade. Quer viver uma fé pura, por isso leva terra de Israel para
celebrar sobre ela. Devemos fazer um culto puro. Louvar é sair de si e
aceitar Deus como origem de todos os bens. O agradecimento é fundamental
para a fé. Agradecer é tomar as atitudes de Jesus para com seu Pai.
Essa é a salvação que queremos anunciar aos povos. E que seja pura,
isenta de nossos egoísmos que se tornam vícios do poder, do prazer e do
ter, expressões da idolatria. Os outros nove cumpriram a lei do
reconhecimento da cura e se foram. Não se voltaram para Deus.
Preocuparam-se somente com os ritos a serem cumpridos. É chocante ver
como Deus faz tantos milagres e a fé das pessoas não cresce. Foram
curados, mas não salvos. Jesus afirma: “Tua fé te salvou”. Por isso é
necessário o banho purificador da fé.
A Palavra não está algemada
O ministério de Paulo está voltado para o
anúncio de Cristo Ressuscitado. Essa pregação foi causa de suas
prisões, como fosse um malfeitor (2Tm 2,8-9). A fé em Cristo
Ressuscitado é a purificação total daquele que crê. Ela nos coloca em
atitude de culto a Deus pelo agradecimento do grande benefício da
Redenção. Deus é sempre fiel. A fidelidade Divina exige a
correspondência da fé. Deus é fiel. Nós também podemos ser. Esse é o
milagre que agradecemos. “Com Ele morremos, com Ele viveremos. Se com
Ele ficamos firmes, com Ele reinaremos. Se nós O negamos, também Ele nos
negará. Se lhe somos infiéis, Ele permanece fiel, pois não pode
negar-se a si mesmo” (2Tm 2,11-13). Paulo, mesmo prisioneiro, anuncia a
fé, pois a palavra não está algemada.
Leituras: 2 Reis 5,14-17; Salmo 97; 2Timóteo 2,8-13; Lucas 17,11-19
- Jesus ensina com a cura dos dez
leprosos que o milagre que salva é o que corresponde à fé que agradece e
louva. Exige uma mudança de mentalidade.
- A fé tem que ser pura, sem os vícios que a abafam. A cura exige o agradecimento para ser salvadora.
- A fidelidade Divina exige a correspondência da fé.
- A fé tem que ser pura, sem os vícios que a abafam. A cura exige o agradecimento para ser salvadora.
- A fidelidade Divina exige a correspondência da fé.
Que delícia de banho!
Em seu caminho Jesus ensina e faz
milagres que explicitam seu ensinamento. Podemos entender no evangelho
da cura dos dez leprosos que o agradecimento faz parte da fé no Deus
generoso que cura sempre. Mas cobra nosso reconhecimento. A fé tem sua
dimensão humana e o humano tem uma dimensão de fé. Jesus não se queixava
das perseguições, das adversidades, mas se queixou da falta de
educação, também espiritual, dos leprosos que não voltaram para
agradecer.
Jesus se queixa porque o milagre ficou
incompleto: faltou acolher o dom com a alegria da ação de graças
reconhecendo Deus como autor de todo bem. Jesus diz ao samaritano que
era um estrangeiro e indesejado: “Não foram dez os curados? Os outros
nove, onde estão? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, a não
ser este estrangeiro?” E disse-lhe: “Levanta-te e vai! Tua fé te salvou”
(Lc 17,17-19). O milagre não é tanto a cura física, mas a cura
espiritual que é colocar a pessoa em atitude de agradecimento a Deus,
autor da renovação do homem. Os outros ficaram curados, mas não mudaram o
coração.
Vemos que as pessoas pedem graças e
milagres, mas estes não os levam a um relacionamento diferente com Deus.
Acham que “pagando a promessa” já pagaram o milagre. Foi o que fizeram
os outros nove. Foram a Jerusalém para cumprir a lei e receber o
documento de purificado.
Naamã é purificado obedecendo (depois de
relutar) a ordem do profeta Eliseu: “Vai e lava-te sete vezes no rio
Jordão”. O banho lhe trouxe a cura. Águas deliciosas! Mais que um banho,
foi uma conversão a Deus: “Agora estou convencido que não há outro
Deus... senão o que há em Israel (2Rs 5,15).
O fato de ser um samaritano, um herege e
os outros nove, judeus, mostra que a verdadeira religião está no
coração agradecido a Deus por seus imensos dons. Essa água nos
deliciará.
Fonte - http://www.a12.com/santuario-nacional/santuario-virtual/liturgia-diaria/09/10/2016
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