Não basta acharmos que somos justos porque todo mundo
se acha justo segundo a sua própria justiça. A nossa justiça não pode
ser como a do mestre da lei, dos fariseus, dos hipócritas. A nossa
justiça tem de ser a justiça de Deus.
Jesus nos ensina, hoje, três coisas importantes: não
adianta dizer “Eu não mato, nunca matei ninguém”; meu irmão, se você se
encoleriza com o seu irmão, você já é digno do réu ou do tribunal de
Deus, de ser réu no tribunal divino. Você sabe que a cólera toma conta
de nós, que somos movidos pela raiva, pelo ressentimento, pelo rancor.
Facilmente nos irritamos, e o coração irritado (que parte para a ira) se
torna um coração destemperado e diz intempéries das mais tempestivas
possíveis, saem palavras pesadas, agressivas, duras. Então, se queremos
viver a justiça controlemos, em primeiro lugar, a nossa cólera.
A lei divina diz: “Não cometerás adultério”. “Graças a
Deus nunca adulterei”: o outro pode estar se vangloriando disso. Meu
irmão, se você já olha para o outro, se você já olha para a outra
desejando-a, o adultério já entrou no seu coração. Por isso, é preciso
purificar a intenção interior, purificar e vigiar o nosso próprio olhar
porque estamos olhando para aquilo que é pecaminoso e que traz a
impureza para dentro de nós. Então, não pode vangloriar-se de ter
cometido ou não o adultério, o que precisamos é purificar o nosso olhar
porque o olhar puro é o que nos mantém na pureza e na integridade de
vida.
É a justiça que nós queremos exigir dos outros, mas nós não somos justos nem nas nossas conversas
Depois, nós não precisamos jurar, nós não precisamos,
de forma alguma, colocar peso na nossa palavra. O que nós precisamos é
de autenticidade, é viver a verdade e parar de mentir. “Ah, são apenas
pequenas mentirinhas”; “ah, foi apenas para enganar”: não existe pequena
“mentirinha”, o que existe é mentira, pois, ou você é uma pessoa
verdadeira, uma pessoa autêntica em todas as situações ou é autêntico
segundo o seu critério de autenticidade somente quando lhe convém e as
coisas lhe são favoráveis. Autêntico é autêntico, verdadeiro é
verdadeiro. Aquele que comunga de qualquer mentira não é digno a ser um
discípulo de Jesus. “Que o vosso sim seja sim, que o vosso não seja
não”, e o que passar disso é do maligno e diabólico.
Porque há pessoas que, na sua frente, diz “sim”, nas
costas diz “não”; há aquele que, quando está com você quer te agradar e
falar um monte de coisas, mas quando está na sua ausência diz outras
coisas. Isto é a hipocrisia do mundo: a nossa falta de autenticidade; é a
justiça que nós queremos exigir dos outros, mas não somos justos nem
nas nossas conversas; conversas dúbias, palavras dúbias. Um homem e uma
mulher sem palavra é um homem e uma mulher sem autenticidade. E ser sem
palavra é: ora dizer uma coisa aqui e outra acolá.
Que a nossa palavra aqui seja essa e, na ausência da
pessoa, seja a mesma palavra, isto é, ser autêntico, pois, o que passa
disso é do maligno e diabólico.
Deus nos abençoe!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova. Contato: padrerogercn@gmail.com – Facebook
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