“Em verdade vos digo, dificilmente um rico entrará no Reino dos
Céus. E digo ainda: é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma
agulha, do que um rico entrar no Reino de Deus” (Mateus 19,23-24).
Muitas vezes, as pessoas querem aliviar aquilo que Jesus falou
dizendo que não foi isso que Ele disse, mas não podemos dizer que Jesus
não disse isso, porque Ele disse: “Dificilmente um rico entrará no Reino
dos Céus”.
Não é que os ricos não entrarão no Céu, pelo contrário, olhemos os
próprios ricos do Evangelho, José de Arimateia e Zaqueu, que viviam em
função de suas riquezas, mas se abriram para a graça de Deus, a riqueza
maior da vida deles passou a ser o Reino de Deus.
Não entra no Reino dos Céus quem não tem o Reino dos Céus como a
grande riqueza da sua vida. Aqui há uma outra preocupação importante: os
sentimentos que as riquezas provocam no coração humano. Seja a pessoa
que possui alguns bens, seja a pessoa que possui muitos bens, cuidado
com os sentimentos, porque são eles que nos afastam do Reino de Deus.
O primeiro sentimento é a cobiça. O rico é aquele que cobiça ter mais
e nunca está satisfeito com o que tem, cobiça até o que o outro tem.
Ser mais que o outro, superar o outro é desejar possuir de forma
desordenada e nunca se conformar com o que tem.
Não entra no Reino dos Céus quem não tem o Reino dos Céus como a grande riqueza da sua vida
Outro sentimento terrível é a avareza. O amor desordenado aos bens
materiais, a valorização da vida a partir das coisas materiais.
O Reino dos Céus é o reino espiritual, onde toda a matéria será
vencida, inclusive, essa matéria corporal que nós temos. Veja, como nós
temos sentimento de rico! Apegamo-nos às coisas materiais, e possuir ou
não possuir coisas materiais causa-nos tormento, preocupação e
perturbação. Perder algo material é o fim da vida para muitos de nós,
então, esses sentimentos são terríveis.
Outro sentimento de rico, do qual temos que nos precaver, é a
justiça, é nos acharmos melhores, porque temos as coisas e não nos
preocupamos com aqueles que não as têm, até se orgulhar: “Eu consegui.
Eu cheguei lá”, e eles são os coitados. Não têm compaixão pela dor do
outro, pelo sofrimento do outro.
Outra preocupação terrível é a opulência. A opulência de possuir as
coisas, de gastar as coisas e não estar nem aí para quem não tem. Eu
vejo até crianças com o sentimento de rico, que colocam comida no prato e
depois a jogam fora, desprezam e quebram as coisas que têm e não estão
nem aí. É a opulência da vida, é a pessoa gastar, numa noite, o que
muitos a vida inteira não conseguem ganhar um terço, nem um pedaço, e
não se preocupam com o que se passa na vida dos outros neste mundo.
O problema do rico, evangelicalmente falando, é ter os olhos
vendados. Só consegue enxergar os bens, as riquezas, os valores
materiais; não abre os olhos para as realidades evangélicas: o amor, a
humildade, a fraternidade, a compaixão e o cuidado para com o outro.
Sejamos ricos de valores evangélicos, para que este mundo material não nos domine.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova. Contato: padrerogercn@gmail.com – Facebook
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova. Contato: padrerogercn@gmail.com – Facebook
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