Centenário da Arquidiocese de Maceió

sábado, 3 de agosto de 2019

Homilia Dominical


“Ricos para Deus”
Rico diante de Deus
O sentido da vida flui como resultado das escolhas que fazemos. Jesus se põe como aquele que dá sentido e segurança para nossa vida e nossas atividades. Quanto mais nos desapegarmos, mais nos firmamos no único bem necessário. Deus nos abre as riquezas que a vida oferece. Maiores serão os dons se nos firmarmos no único necessário e referência: “Assim acontece àquele que ajunta tesouros para si mesmo e não é rico para Deus” (Lc 12,21). Aquele homem que teve grande colheita não soube dar sentido a tudo o que possuía. O risco dos bens materiais está justamente em não perceber que os bens podem contribuir para sua riqueza humana. Perde-se o sentido dos bens quando não sabemos construir uma riqueza maior, sendo rico para Deus. Jesus não condenou esses bens materiais, mas a insensatez no seu uso. É o que encontramos na leitura do livro do Eclesiastes. O homem que vive na ilusão da riqueza perde as outras dimensões da vida que podem ser enriquecedoras e dão sentido ao que foi produzido por um bom trabalho. A riqueza espiritual pode aumentar os frutos de nossos bens. Ser rico para Deus é multiplicar os bens na matemática de Deus: Quanto mais nos desapegarmos, mais possuímos e armazenamos a abundância e produzimos bens espirituais. Somos pó, como lemos no salmo. A cartilha do bem viver exclui a ganância, a soberba da abundância e o fausto do vazio. Jesus coloca aí a loucura e a incapacidade de bem administrar a vida. Os bons e os santos também morrem, podem ter bens, mas são desapegados e possuem a sabedoria.
Buscar as coisas do alto
Toda nossa vida cristã tem o sentido na ressurreição. A ressurreição final, quando seremos todos em Cristo, nos comunica a vitalidade para nosso dia a dia. Ela não nos tira da realidade em que vivemos, mas nos coloca na ressurreição que deve penetrar todas as realidades. Sendo batizados em Cristo somos ressuscitados com Ele. Temos assim a grande mudança de tudo em Cristo: “Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos para alcançar as coisas do alto, onde está Cristo à direita de Deus... Aspirai às coisas celestes e não às terrestres. Vós morrestes e vossa vida está escondida, com Cristo em Deus” (Cl 3,1ss). Nossos celeiros espirituais foram feitos para guardar as riquezas de Cristo em nós. Somente aquele que já se despojou do homem velho e se revestiu do homem novo, que se renova segundo a imagem do seu criador, tem essa sabedoria (id). Ter fé nos leva a superar a vaidade dos bens, a loucura e o vazio dos bens materiais. Será sensato e rico diante Deus. Os bens materiais vividos em Cristo produzirão frutos muito maiores, pois o amor multiplica e não divide. Esses celeiros podem crescer ao infinito.
Contar nossos dias
O coração humano que busca Deus supera todo vazio e dá consistência a nossa vida. O salmo ensina a ver que a fragilidade da vida é pó. Somos nada, passamos. Por isso podemos suplicar: “Ensinai-nos contar nossos dias e dai sabedoria ao coração... Saciai-nos de manhã com vosso amor e exultaremos de alegria todo dia” (Sl 89). O cristão é diferente quando sabe viver bem as condições humanas com intensidade do amor. Tudo se multiplica. Somos chamados a tirar de nossa vida os vícios que nos destroem, pois já nos despojamos do homem velho e da sua maneira de agir. A comunidade cristã é o celeiro que precisa ser sempre maior para conter a riqueza da graça. A colheita dos bens espirituais exige sempre maiores celeiros para promover mais irmãos. Nossos dias cheios de sabedoria encherão os celeiros para a comunhão fraterna.
Leituras: Eclesiástico 1,2; 2,21-23;Salmo 89;Colossenses 3,1-5.9-11;Lucas 12,13-21.
Ficha nº 1880 - Homilia do 18º Domingo Comum (04.08.19)

1. Quanto mais nos desapegarmos, mais nos firmamos no único bem necessário.
2. A fé nos leva a superar a vaidade dos bens, a loucura e o vazio dos bens materiais.
3. A colheita dos bens espirituais exige sempre maiores celeiros para promover mais irmãos.
Segurando o Vento
O livro do Eclesiastes tem ensinamentos que refletem bem o crescimento da Palavra de Deus no meio de uma sociedade não judaica. O autor sagrado está em busca. Para ele a vaidade das coisas lhes tira a consistência. É como segurar o vento. Ver as realidades e realizações sem consistência quer segurar o vento com as mãos.
O jeito é fazer celeiros que recolhem vida para ser distribuída. O vento da vaidade e estupidez, passam por nós e nos deixam.

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