Centenário da Arquidiocese de Maceió

segunda-feira, 20 de maio de 2019

CNBB coloca limites aos "comentários" na Missa



Liturgia. Faz algum tempo que insisto em meus cursos de liturgia que essa figura que foi entrando e tomou conta de algumas missas, conhecido pelo nome de “comentarista” é alguma coisa que simplesmente não existe, e atrapalha mais do que ajuda. Agora temos um pronunciamento oficial do setor de liturgia da CNBB que dispensa “comentários”. É só aplicar isso em nossas celebrações garantindo que sejam mais orantes.
Nota da Comissão de Liturgia sobre os Folhetos Litúrgicos
Nota da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia aos redatores dos “folhetos litúrgicos” a respeito das monições (comentários) antes da Liturgia da Palavra
A COMISSÃO Episcopal Pastoral para a Liturgia (CEPL) realizou, nos dias 02 e 03 de julho de 2007, em Aparecida, São Paulo um encontro com os responsáveis pelos “folhetos litúrgicos” do Brasil.
O assunto estudado e debatido pelos participantes, com a ajuda de nossos assessores, foram os “comentários” apresentados nos folhetos litúrgicos em diversos momentos da celebração.
Com o pleno consenso dos participantes do referido encontro, a CEPL faz um apelo a todos os responsáveis pelos folhetos litúrgicos para que se apresente apenas um comentário para introduzir a Liturgia da Palavra, com a finalidade de preparar e dispor os fiéis a ouvirem atentamente as três leituras (1a. leitura, 2a. leitura e Evangelho). Assim não mais se teria, separadamente, um comentário para cada uma das leituras.
Optamos por essa decisão, para darmos mais valor à Palavra proclamada. Esta não pode ser interrompida ou intercalada com comentários e explicações que quebram sua unidade e o ritmo da celebração. A explicação e a atualização da Palavra devem ser feitas em seu local próprio, a homilia.
A assembléia litúrgica não é apenas destinatária da ação litúrgica, mas é protagonista, povo sacerdotal,  não dependendo de “palavras de ordem” para participar.   A liturgia não é apenas “palavra” mas uma ação ritual-simbólico-sacramental. Por isso, muito mais do que um “comentário”, é a atitude do leitor, do salmista, do diácono ou do presidente da assembléia que vai ajudar para que a Palavra seja ouvida e acolhida. Neste contexto, para uma frutuosa proclamação e acolhida da Palavra, adquirem muita importância o ambão, sua localização e sua ornamentação; um bom microfone; a veste litúrgica própria dos leitores, um refrão orante.
Na celebração litúrgica, as “introduções” prestam o serviço de “iniciar”, despertar, dispor a assembléia para a escuta atenta da Palavra. Para usarmos um termo dos Meios de Comunicação Social, estas “introduções” poderiam ser comparadas às “chamadas” que anunciam e preparam a assembléia para a escuta do Senhor.
Fundamentamos nosso pedido em dois documentos litúrgicos:
a) Sacrosanctum Concilium, 35: “Procure-se também inculcar, por todos os modos, uma catequese mais diretamente litúrgica, e prevejam-se nas próprias cerimônias, quando necessário, breves esclarecimentos, feitos só nos momentos mais oportunos, pelo sacerdote ou ministro competente, com palavras prescritas ou semelhantes às prescritas”.
b) Instrução Geral ao Missal Romano, 31: “Da mesma forma cabe ao sacerdote, no desempenho da função de presidente da assembléia, proferir certas admoestações previstas no próprio rito. Quando estiver estabelecido pelas rubricas, o celebrante pode adaptá-las um pouco para que atendam à compreensão dos participantes; cuide, contudo, o sacerdote de manter sempre o sentido da exortação proposta no livro litúrgico e a expresse em poucas palavras. Pode, com brevíssimas palavras, introduzir os fiéis na missa do dia, após a saudação inicial e antes do rito penitencial, na liturgia da palavra, antes das leituras; na Oração eucarística, antes do Prefácio, nunca, porém, dentro da própria Oração; pode ainda encerrar toda a ação sagrada antes da despedida” .
Seria interessante retomar tudo o que o Missal Romano prevê para a celebração da Liturgia da Palavra, com destaque aos momentos de silêncio após cada leitura (cf. IGMR, 128-.134). Aí está claro que os “comentários” não têm a finalidade de dar informações catequéticas ou moralistas, mas devem ser mistagógicos, isto é, conduzir a assembléia à plena participação da ação litúrgica. Devem ser convites de cunho espiritual, sempre discretos, orantes, a serviço do diálogo entre Deus e seu povo reunido, portanto, sem interrupção do fluxo do rito. Vale lembrar um dos princípios na ação litúrgica: “que as nossas palavras na Liturgia não neguem a Palavra, mas a sirvam”.
Pedimos também não mais usar a palavra “comentarista” ou “comentário” em nossos folhetos, visto que não é este o espírito das monições apresentadas. Muitos usam a palavra “animador” que, mesmo não sendo a ideal, é a que mais se aproxima da função litúrgica exercida por esta pessoa.
Aproveito a ocasião para agradecer aos responsáveis pelos folhetos litúrgicos que estiveram presentes no encontro promovido por nossa Comissão, sua boa vontade e seu empenho em apresentar e ajudar nossas comunidades a bem celebrarem o Mistério Pascal, como Igreja reunida pelo Pai, no amor de Cristo, pela ação do Espírito Santo.
Convido a todos para assumirem nosso pedido neste espírito, e desde já  os convido para o próximo encontro que será nos dias 30 de junho e 1o. de julho de 2008, em Aparecida, São Paulo.
Aparecida, São Paulo.
Brasília, 6 de agosto de 2007.
Festa da Transfiguração do Senhor
Dom Joviano de Lima Júnior
Arcebispo de Ribeirão Preto
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia
Fonte - https://blog.cancaonova.com/padrejoaozinho/2007/09/29/cnbb-coloca-limites-aos-comentarios-na-missa/

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