“E começaram a festa”
Alegria da salvação
A tônica da celebração de hoje é a alegria que já está anunciada na
antífona de Entrada: “Alegra-te Jerusalém!... Vós que estais tristes,
exultai de alegria. Saciai-vos com a abundância de suas consolações”.
Esse quarto domingo é chamado de “Laetare” é o domingo da alegria, como
lemos também no terceiro domingo do Advento. São os primeiros raios da
alegria da festa que se aproxima, como lemos na oração da missa:
“Concedei ao povo cristão correr ao encontro das festas que se
aproximam, cheio de fervor e exultando de fé”. Podemos ver essa alegria
na parábola do Pai amoroso e o filho perdido que chamamos de “filho
pródigo” quando diz ao irmão que “era preciso festejar e alegrar-nos,
porque este teu irmão estava perdido e foi encontrado” (Lc 15,32). A
parábola do Pai amoroso nos traduz bem o sentido da redenção: O homem
perdido pelo pecado, caído na extrema miséria, cai em si mesmo e se vê
necessitado de salvação. O Pai envia o Filho para buscar a ovelha
perdida. Cristo trabalha o coração do homem para que vá para Deus. O Pai
é como o pai da parábola. Espera a criatura que se perdeu. Ansioso
manda tantos meios de redenção. Se o homem vai ao profundo da miséria é
para pensar na riqueza de vida da casa do Pai. Por mais que seja
profunda sua situação pecadora, não haverá jamais um obstáculo para o
retorno à casa paterna. Ele é filho, faz parte da família. O irmão que
não o quer receber são aqueles que não aceitam que o Pai seja generoso,
como é o caso dos fariseus que negavam a Jesus o direito de acolher os
pecadores. Essa é a alegria de Jesus.
Nova criatura
Paulo nos escreve: “Se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O
mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo. E tudo vem de Deus, que por
Cristo nos reconciliou consigo e nos confiou o ministério da
reconciliação” (2Cor 5,17-18). A reconciliação realiza o grande desígnio
de Deus de redenção. Em Cristo fomos reconciliados com o Pai. Mais
ainda: Deus nos confiou esse ministério de reconciliação para levarmos
tantos a serem novas criaturas. Diz o Apóstolo Paulo: “Em nome de Cristo
suplicamos: ‘Deixai-vos reconciliar com Deus” (2Cor 5,20). É importante
sabermos que estamos, depois de reconciliados com Deus, em união ao
ministério de Reconciliação de Jesus colaborando na reconciliação dos
homens. Deus quer precisar de nós para essa missão. Ser nova criatura é
ter a vida nova que nos foi dada pela Ressurreição de Cristo e unir-nos
ao Cristo que está sempre em missão no mundo. Por isso, a última ordem
de Jesus foi: “Ide por todo mundo, proclamai o Evangelho a toda
criatura” (Mc 16,15).
Terra nova
Com a entrada na terra prometida realizou-se a promessa feita a
Moisés de libertar o povo e conduzi-lo a uma terra onde manam leite e
mel (Ex 3,8).Toda caminhada no deserto, passando para muitos sofrimentos
foi para atravessar o Jordão e entrar na terra prometida. O povo de
Deus celebra a Páscoa na terra prometida. Já comem os produtos da terra.
Tudo é novo. Não vivem mais do milagre do Maná que deixou de cair do
Céu. Puderam comprovar quão suave é o Senhor (Sl 33). A conquista da
terra simboliza o novo mundo onde os fiéis redimidos vivem. A Páscoa de
Jesus abre também a vida em uma terra nova, a do alto, para onde foi
conduzido o povo dos redimidos. É a festa que o Pai oferece pela chegada
do filho recuperado. É a vida do alto onde vivem as novas criaturas que
passaram o mar das águas do Batismo e participam com Cristo da festa
que o Pai oferece.
Leituras: Josué 5,9ª.10-12; Salmo 33; 2 Coríntios 5,17-21; Lucas 15,1-3.11-32
Ficha nº 1844 - Homilia do 4º Domingo da Quaresma (31.03.19)
1. A tônica da celebração é a alegria da salvação do Pai que acolhe o filho perdido.
2. Recebemos a reconciliação e participamos de sua obra.
3. A entrada na terra prometida é o prenúncio da redenção que nos dá um novo mundo.
Essa festa eu não perco
O domingo é de festa. Os judeus chegam à terra prometida. O pai
bondoso dá uma festaça para o filho que volta depois de ter gasto tudo o
que tinha recebido de herança. As criaturas são novas. É festa para
todo gosto. Eu não vou perder nenhuma. Não sou judeu, mas, se estamos
aqui foi porque estiveram lá. Não somos perdidos, mas aproveitamos a
alegria do pai. E somos novos, podemos aproveitar bem as festas.
A festa da Páscoa resume todas essas festas e ainda propõe outras
mais. Fazer a Páscoa é abrir um calendário de festas. A alegria da festa
permanece, pois é festa que domina o coração e não é somente exterior. O
coração alegre alegra um corpo inteiro.
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