“Lançando as redes”
Avança para as águas mais profundas
Depois de sua manifestação na sinagoga de Nazaré como enviado de
Deus, Jesus começa a chamar os discípulos para participarem de sua
missão. O Hoje de Deus será realizado também por homens que Jesus
escolheu pessoalmente. O chamamento se dá no local simbólico da pescaria
no mar profundo. Não mais em uma sinagoga cheia de tradições e
embaraços, mas no mar profundo. Como o profeta Isaias que tem uma
experiência magnífica no templo (Is 6,1-8), os discípulos experimentam a
força de seu Senhor, cuja palavra conduz a uma pesca abundante. Esse
paralelo é importante, pois é o mesmo Senhor que dá vigor ao anúncio dos
discípulos. Isaias se dispõe e os discípulos deixam tudo e seguem
Jesus. É na força de sua palavra que vão novamente à pesca. É na força
da palavra de Jesus que vão anunciar. É preciso arriscar tudo para ter
tudo. Vemos que foi depois que falou ao povo da barca que os discípulos
Lhe prepararam, que Jesus escolhe e chama os apóstolos. A barca é
símbolo da Igreja que anuncia através da palavra simbolizada nas redes. O
mar profundo é o mundo que recebe a pregação. Os peixes são os que
acolhem a pregação. A força da palavra é tão forte que eles vêm em
grande quantidade. Os pescadores são os anunciadores da palavra. A ajuda
dos outros barcos é o símbolo da comunidade que trabalha unida, todos
no mesmo sentido. A palavra de Jesus é a força de Deus que sustenta a
pregação. Sem uma experiência significativa de Deus não poderemos
frutificar em nosso ministério. Pregar o vazio nos leva ao vazio.
Trabalhamos a noite toda
Há um paralelo entre a visão de Isaias e a pescaria dos discípulos: A
grandiosidade de Deus assusta a ponto de Isaias clamar: “Ai de mim,
estou perdido! Sou apenas um homem de lábios impuros, mas eu vi com meus
olhos o rei, o Senhor dos exércitos” (Is 6,5). Para o judeu, ver Deus
significava morrer. Pedro tem o mesmo sentimento diante da pesca
maravilhosa: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um homem pecador” (Lc
5,9). Há uma ponta de desânimo nos discípulos que voltam de uma noite
sem resultados. O reconhecimento de sua própria fraqueza por ser pecador
é condição para a abertura ao novo que é o ministério com Jesus. O
anúncio da Palavra se torna para eles a nova maneira de pescar: “Diz
Jesus: ‘Não tenhas medo! De hoje em diante serás pescador de homens’”
(Id 10). Vivemos um processo doloroso de evangelização, pois estamos sem
forças e num mar muito revolto e profundo. Parece que perdemos a força
evangelizadora. E isto se deve ao vazio de nossa experiência com Deus e
nossa busca seja muito rasa. O que falta? Ouvir a palavra de Jesus?
Ficamos confiando só nos lambaris que caem na rede? Não está nos
faltando aquela experiência de Jesus como pecadores? Ou precisamos de
algo mais profundo e forte? Falta Jesus e a experiência da força de sua
palavra.
O que recebi, transmiti a vós
A fé que temos foi-nos transmitida pelo anúncio evangélico. Paulo nos
dá esse testemunho. A Sagrada Tradição vem junto com a Sagrada
Escritura. A Tradição nos passou o conhecimento da Ressurreição de
Jesus. Assim acolhemos o Vivo e deixamos de lado o que é morto, o que
não aceita a Vida. Essa é a experiência fundamental que temos para
construir nossa vida de fé. As aparições de Jesus aos discípulos
continuam para nós que o acolhemos em sua Palavra. Ela é tão sublime
quanto a visão de Isaias. A grandeza está no acolhimento que estimula a
dizer como o profeta: “Aqui estou, envia-me” (Is 6,8).
Leituras: Isaias 6,1-2ª.3-8; Salmo 137; I Coríntios 15,3-8.11; Lucas 5,1-11.
Fixa nº 1830 - Homilia do 5º Domingo Comum (10.02.19)
1. A missão é continuação da obra de Jesus. Acontece na força da palavra de Jesus.
2. O paralelo entre Isaias e os discípulos nessa pesca explicita para nós a missão.
3. É fundamental a experiência de Deus em Jesus para a pesca da Missão.
Hoje tem lambari
Diante da experiência dos apóstolos na pesca maravilhosa, fruto das
palavras de Jesus, nós devemos examinar nossos processos de
evangelização. Há momentos em que falta tudo. A evangelização a partir
da experiência de Jesus é garantida. Sem essa, quando muito pegamos uns
lambarizinhos.
O profeta teve a ousadia de se reconhecer pecador e ao mesmo tempo de
se oferecer para a missão depois que o Serafim tocou seus lábios com
uma brasa do altar. Os apóstolos foram tocados pela palavra de Jesus. A
missão foi forte e frutuosa. O vigor dos apóstolos depois de Pentecostes
nos mostra quanto é possível fazer quando se crê de fato na
ressurreição de Jesus.
Fonte - https://www.a12.com/reze-no-santuario/deus-conosco
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