“A sabedoria vem do alto”
Morte como serviço
A sabedoria de Deus ilumina a vida humana. Assim foi em
Cristo. Mesmo o seu sofrimento tomou sentido, além da dor, para se
tornar salvação. Jesus, continuando seu caminho iniciado no batismo,
chega ao momento crucial de assumir a consequência de sua missão. As
forças do mal, usando os homens perversos, conduzem o “manso cordeiro ao
matadouro” (Jr 11,19). Seu sofrimento é descrito no texto da primeira
leitura que nos relata a perseguição ao justo. A partir de uma atitude
dos discípulos, explica a sabedoria de Deus presente em sua morte: Eles
discutiam qual deles seria o maior. Vemos aí a compreensão humana que
tinham de sua participação na missão de Jesus. Como amoroso mestre,
sentou, chamou-os e explicou: “Se alguém quiser ser o primeiro, deve ser
o último de todos. E aquele que serve a todos” (Mc 9,35). O serviço é a
sabedoria presente na vida do seguidor de Jesus. Aqui podemos ver como
estamos longe, como Igreja, dessa sabedoria. A vida dos cristãos na
comunidade, a partir de suas autoridades, ainda não compreendeu essas
palavras. O que vemos é a busca do poder e da glória. A sabedoria
presente nesse momento de dor da vida de Jesus é a escola de todo poder e
vida comum dos discípulos. O salmo nos ensina a responder ao
sofrimento: “É o Senhor quem sustenta minha vida”. Cristo, no momento de
sua terrível paixão, alimentado pela Sabedoria Divina, faz o sacrifício
máximo: “Pai, em vossas mãos entrego meu espírito”. Ali é capaz de nos
passar o Espírito através do último suspiro: “Expirou” – entregou o
Espírito.
Vivendo com sabedoria
Tiago nos relata a vida inútil da comunidade cristã que
ignorava a sabedoria. Relata como está má a vida daqueles que escolheram
a fé: “Onde há rivalidade, aí estão as desordens e toda espécie de
obras más”. E continua dizendo que as paixões são a causa dos males: “De
onde vêm as guerras? De onde vêm as brigas entre vós? Não vêm
justamente das paixões que estão em conflito dentre vós?” (Tg 3,16). O
apóstolo tem conhecimento da condição humana: “Cobiçais, mas não
conseguis ter. Matais e cultivais inveja, mas não conseguis êxito.
Brigais e fazeis guerra, mas não conseguis possuir”. A razão de tudo é a
falta da oração: “Pedis, sim, mas não recebeis, porque pedis mal”. O
que se pede é para esbanjar com os prazeres (Tg 4.1-3). A sabedoria leva
a uma vida serena, de bons frutos. O fruto da justiça é semeado na paz
para aos que promovem a paz (Tg 3,17ss). Com a sabedoria que nos coloca a
serviço, não na ganância, podemos construir uma comunidade que é o
Reino de Deus.
Acolher os pequeninos
A oração pós-comunhão nos indicam que o alimento que nos
dão os sacramentos nos levam a colher os frutos da redenção na
celebração da liturgia e na vida. A vida da comunidade é um espaço onde
podemos viver o mandamento do amor que se sintetiza no serviço mútuo.
Como a fé sem obras é morta, o amor sem atos concretos de serviço
fraterno não resolve e nos levam ao que Tiago comenta com sabedoria. A
sabedoria é a vida da comunidade. Para exemplificar, Jesus toma uma
criança e a coloca no meio deles, abraçando-a, explica como deve viver
uma comunidade: acolhendo os pequeninos, tanto crianças e os mais
frágeis. Perguntamos: Onde estão as crianças em nossas comunidades, como
estão vivendo os mais frágeis? Qual é o acolhimento que damos aos
pobres, aos doentes, aos sofredores? As crianças nos ensinam a acolher e
agir com normalidade.
Leituras: Sabedoria 2,12.17-20; Salmo 53.Tiago 2,1-5;Marcos 7,31-37.
Ficha nº 1790 - Homilia 25º Domingo Comum
1. O serviço é a sabedoria presente na vida do seguidor de Jesus.
2. Com sabedoria podemos superar as dificuldades na comunidade.
3. Jesus coloca a criança como modelo de acolhimento.
Procurando emprego
Há grande luta de emprego. São quase
quinze milhões desempregados no Brasil. Difícil é procurar serviço. Os
discípulos de Jesus estavam preocupados em garantir um posto bom no
reino de Jesus. Já viam a glória de suas vidas. Não deu certo, pois o
projeto de Jesus era diferente. Era o contrário. Não ser grande, mas
fazer-se pequeno e servidor.
Explicita que sua vida e morte serão um serviço generoso
para a salvação. O serviço é de acolhimento e aceitação da diferença do
outro, como faz uma criança.
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