“Meu Senhor e meu Deus”
Eu creio.
Rezamos na oração na celebração de hoje
que tenhamos uma vida coerente com o Mistério Pascal de Cristo que é
sintetizado nos sacramentos da iniciação do Senhor: “Reacendei a fé de
vosso povo na renovação da festa pascal e aumentai a graça que nos
destes. Fazei que compreendamos melhor o batismo que nos lavou, o
Espírito que nos deu nova vida e o sangue que nos redimiu”. Cristo
ressuscitado se manifesta aos discípulos reunidos no domingo. É na
comunidade que a fé nasce e cresce. Tomé faz o mais perfeito ato de fé,
em nome de todos nós, dizendo a Jesus: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo
20,28). Jesus quis que Tomé fosse além dos sinais sensíveis. Ele queria
tocar a mão nas feridas de Jesus para saber se era Ele mesmo. Tem fé
mais pura aquele que crê sem precisar de sinais materiais. Paulo diz que
os judeus pedem milagres e os pagãos querem sabedoria e nós,
apresentamos Cristo Crucificado, escândalo para os judeus e loucura para
os gentios (1Cor 1,22-23). A presença do Ressuscitado na comunidade vai
se manifestar quando acolhemos sua Paixão e sua Ressurreição. Assim
podemos receber o dom do Espírito: “Recebei o Espírito Santo. A quem
perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados; a quem, não os
perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,22-23). Aceitar a redenção
que Cristo nos trouxe e ofereceu com abundância, é ter o perdão dos
pecados. Do contrário, a recusa de aceitar Cristo em seu Mistério
Pascal, não tem a remissão. A misericórdia de Deus é infinita e continua
a oferecer seus dons.
Eu amo
A Ressurreição atinge o coração da
pessoa na dimensão do amor a Deus que se manifesta no amor mútuo que
forma a comunidade. Esse amor não é vazio, mas deixa o bolso vazio
(fazendo um jogo de palavras), isto é, desapegando dos bens materiais e
se voltando para a vida do Reino. Por isso Lucas coloca essa experiência
dos bens em comum: “A multidão dos fiéis era um só
coração e uma só alma. Ninguém considerava como próprias as coisas que o
possuído, mas tudo entre eles era posto em comum” (At 4,32). Vemos que o
povo cristão, nos tempos posteriores, preferiu viver na ganância. Por
isso não somos testemunhas verdadeiras da Ressurreição. O testemunho da
caridade é a verdadeira manifestação da misericórdia de Deus que cuida
de seus filhos em todos os sentidos através dos irmãos. O amor de Deus é
usar o sacramento do irmão para o amor se tornar realidade. O amor de
doação que o mundo rejeita é a pedra angular do mundo novo. A vitória
sobre todos os males está na fé vivida no amor. Crer em Jesus é nascer
de Deus. A fé é a vitória sobre o mundo. Mundo no pensamento de João é a
oposição a Jesus e não o maravilhoso mundo criado por Deus. Não somos
do mundo. A figura do mundo passa.
Eu espero
“A esperança não decepciona,
porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito
Santo que Ele nos concedeu” (Rm 5,5).O Espírito Santo nos foi dado como
dom da Ressurreição. Tem como consequência o amor que foi derramado em
nossos corações. Amar a Deus é também amar aos irmãos, “pois sabemos que
amamos os filhos de Deus quando amamos a Deus e guardamos os seus
mandamentos” (1Jo 5,2). Podemos afirmar que não haverá esperança nem
amor se não nos dedicamos ao amor de Deus. Quem crê, ama e por isso
espera, isto é, tem certeza. Na oração final da missa pedimos que
conservemos em nossa vida o sacramento pascal que recebemos.
Leituras: Atos do Apóstolos 4,32-35; Salmo 117; João 5,1-6; 20,19,31
- Tomé faz o ato de fé perfeito: Meu Senhor e meu Deus.
- A Ressurreição atinge o coração na dimensão do amor a Deus que se manifesta no amor mútuo que forma a comunidade.
- Podemos afirmar que não haverá esperança nem amor se não nos dedicarmos ao amor de Deus.
Na ponta do dedo.
É bonita essa colocação sobre o ato de fé Tomé. Ele
achava que o dedo dele resolvia tudo. Se eu não tocar o dedo nas marcas
dos pregos e não colocar a mão na ferida do lado, não acreditarei. Jesus
chega e chama para tocar para crer. E depois diz: felizes os que creram
sem ter visto. Somos nós esses felizardos.
Quem crê ama. Por isso tocamos as feridas de Jesus, não
no corpo Dele, mas no corpo dos irmãos, pois o amor é concreto, não
somente um sentimento. Amar a Deus é amar o outro. Se não tocarmos os
sofredores em todas suas chagas não saberemos fazer nosso ato de Fé: Meu
Senhor e meu Deus. Não adianta repetir isso na consagração da missa,
com todo afeto, se o afeto não tem outro destino que nossa incompreensão
do Cristo que ainda está crucificado em tantos calvários, vistos a todo
instante nas vidas sofridas, crucificadas, abandonadas pelo poder
pública e por todos nós que, tendo a condição de ajudar, mediando novas
oportunidades, não o fazemos.
Fonte - http://www.a12.com/reze-no-santuario/deus-conosco
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