Um dos sinais mais positivos de nossos tempos é, sem dúvida, a
crescente e cada vez mais intensa participação dos leigos na vida da
Igreja. Nesse histórico foi tão grande o número daqueles que
transmitiram a fé, que podemos dizer que foi uma “primavera”, um
florescer para um novo tempo: cristãos leigos testemunhando os valores
do Evangelho também no mundo econômico e político, trabalhando para que o
Reino de Cristo aconteça no mundo, transformando as relações pessoais,
semeando a justiça e, fazendo valer no mundo o mandamento do amor,
assim, apontando para a esperança do Reino.
Leigos e leigas assumem esse compromisso no dia do batismo. São eles a
maioria do povo de Deus no anúncio e no testemunho do Evangelho, os
leigos são sujeitos capazes de levar Jesus Cristo a todos os recantos da
terra. Leigo é aquele que é consagrado, e enquanto consagrado tem uma
missão, sendo ele enviado para “atuar” no mundo que não é consagrado.
Essa é a missão secular do leigo.
Vinte anos após o Concílio Vaticano II, um novo documento, escrito
pelo papa João Paulo II, a Exortação Christifideles laici, trouxe
novamente à luz esse tema, firmando o passo nos avanços alcançados e
possibilitando novas aberturas de consciência para que o laicato se
revele como verdadeiro dom de Deus para a Igreja. Justamente agora, na
comemoração dos 30 anos da Christifideles laici, o Ano do Laicato nos
possibilita viver intensamente essa conquista.
O tema escolhido reflete o longo trajeto de estudos realizado pela
Igreja no Brasil, que teve como fruto o documento 105: “Cristãos leigos e
leigas na Igreja e na sociedade”, aprovado na 54ª Assembleia Geral da
CNBB. Nele se acentua que o leigo é membro do corpo de Cristo Jesus,
responsável pela evangelização, sendo fermento, sal da terra e luz do
mundo. Esse documento vem fazendo crescer a consciência da missão do
laicato em todo o Brasil e, sem dúvida, o Ano do Laicato reacende a
importância da missão dos leigos. A CNBB, neste documento vem
ressignificar mais as mentes e os corações, na Igreja, para uma
participação mais viva e consciente.
O papel do leigo na igreja
A vocação leiga é expressão de Cristo ao próximo, por meio do
sacramento do Batismo, impulsionada pela graça do Espírito Santo. Nesse
sentido, não se pode “fechar” os olhos, é preciso, antes, abri-los para
enxergar os leigos como protagonistas da ação evangelizadora. É com eles
que a Igreja parte para sua sublime missão de levar Jesus Cristo “a
todos os povos”. Basta ouvir a voz da Igreja na Lumen Gentium, dizendo
que o conjunto dos fiéis é chamado por Deus a contribuir, do interior, à
maneira de fermento, para a santificação do mundo, por meio do
cumprimento do próprio dever, guiados pelo espírito evangélico.
A grande forma de evangelizar, então, é abraçar a vocação, de modo a
ser portador da palavra, levando a Igreja ao diálogo. O catecismo
apresenta uma grande diretriz sobre a vocação leiga: “Os fiéis leigos
estão na linha mais avançada da vida da Igreja: graças a eles a Igreja é
o princípio vital da sociedade humana. Por isso, especialmente, eles
devem ter uma consciência sempre mais clara, não somente de pertencerem à
Igreja, mas de ser Igreja, isto é, a comunidade dos fiéis na terra sob a
direção do chefe comum, o Papa, e os bispos em comunhão com ele. Isso é
a Igreja”.
É essa comunhão que une e faz Igreja plena em Jesus. A vocação leiga é
ser Igreja, viver pela Igreja e viver com a Igreja. E, como Igreja,
deve-se olhar para as exigências sociais que os cercam, enxergar onde
elas estão e descobrir o novo que nasce para, com a graça de Deus,
tornar o rosto de Cristo visível aqui na terra.
Afinal, hoje a sociedade necessita de cristãos leigos que amem o que
fazem e que levem suas experiências com Cristo a todos a sua volta.
Falta alegria no que se faz! Mostrar a vocação de leigo, que é ser amor
de Deus ao próximo, fará transparecer a face de Jesus à sociedade,
levando a verdade e a justiça na política, na educação, na saúde, ou
seja, em todo lugar, sendo verdadeiramente sal e luz.
Não dá para ficar indiferente às injustiças e não levar à comunidade a
esperança do amor que brota e que vem de Cristo. O mundo está à frente!
O Santo Padre, o Papa Francisco, nos exorta na Evangelii Gaudium: “Saí
para evangelizar, a Igreja clama por vós! Sair para ir ao encontro do
outro, o que atrai e une em Cristo Jesus”. De fato, a própria vocação é
viver o Batismo para o caminho da santificação, é anunciar e colaborar
com uma civilização do amor, na responsabilidade de povo de Deus, fiel
aos seus ensinamentos. De tal maneira que não há vocação inferior, todas
são para a busca da salvação e da santificação. Por isso, a vocação
leiga é ser a face de Cristo no meio da humanidade. E que cada um abrace
o seu apostolado para promover verdadeiras e frutuosas vocações, uma
vez que todos são chamados à santidade!
Diego Medeiros – 4º ano de teologia
diocesedeosasco.com.br
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