Centenário da Arquidiocese de Maceió

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Precisamos ser ousados na fé

Deus não deixa de amparar aquele que busca por Ele com fé sincera, verdadeira e ousada
“É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair” (Marcos 7,28). 
Esse Evangelho, cada vez que eu o escuto, cada vez que eu o leio, cada vez que eu o proclamo, torno-me mais apaixonado por ele, porque fala de uma mulher siro-fenícia [não israelita], ou seja, que não fazia parte o povo eleito.
Jesus estava naquela região de Tiro e Sidônia. Por que Jesus estava ali? Claro que Ele veio primeiro para Israel, mas Israel precisa entender que Jesus não veio somente para ele, mas para todo o povo. É isso o que Jesus está fazendo aos poucos.
O que impressiona é o fato de essa mulher não ser judia, não fazer parte do povo de Israel. Ela tem uma filha, que está sofrendo com um espírito impuro; ao ouvir falar de Jesus, ouviu dizer que Ele expulsava os espíritos impuros, curava doenças e enfermidades. Ela queria, então, que Jesus fizesse isso também pela sua filha. E quando ela se aproximou d’Ele, pediu justamente isso, suplicou ao Senhor que expulsasse o demônio da vida de sua filha. O que deixou Jesus impressionado foi a fé, a ousadia dessa mulher, pois ela não pertencia àquele grupo, mas queria e sabia o que Ele poderia fazer.
Jesus usa uma expressão, que alguns talvez se escandalizem, não entendam, não compreendam, mas é uma expressão judaica: “Olha, não fica bem tirar o pão dos filhos”. Que filhos? Os filhos são Israel. “Estou semeando primeiro a eles, não fica bem agora eu tirar o pão que eu vim dar primeiro para os filhos, tirar deles para dar para os cães”. A mulher, no entanto, dá-Lhe uma resposta muito mais ousada: “É verdade Jesus, não fica bem, mas os cães comem as migalhas que caem da mesa dos filhos”.
Em outras palavras, se não me pode dar o pão, dê-me as migalhas do pão, porque as suas migalhas me são suficientes. Que tamanha fé! Que tamanha ousadia! Porque a fé precisa também da ousadia, e a ousadia nos chama a colocar a nossa fé para fora.
Vejam, meus irmãos, nós nos sentimos pecadores, indignos, excluídos, sentimos que não somos merecedores de tamanha graça, de tamanha ação de Deus na nossa vida, mas isso não pode tirar a ousadia da nossa fé.
Essa mulher poderia ter ficado prostrada, ela poderia ter ficado no canto dela e não ter procurado Deus, não ter procurado Jesus; e é o que acontece com muita gente, o que acontece conosco em muitas situações, porque nos sentimos pecadores, menores. Precisamos mesmo nos sentir menores, porque pior é nos sentirmos orgulhosos, vaidosos ou ter a presunção de que somos melhores. Esse é o pecado que muitos de Israel cometeram.
Também não podemos ficar na exclusão, pensando: “Não, não é para mim! Não sou merecedor!”. Eu não sou merecedor, e se eu não mereço o pão por inteiro, eu mereço as migalhas do Senhor. Eu tenho visto muitas pessoas ousadas. Ser ousada, aqui, não quer dizer uma pessoa que abusa, que faz tudo o que é errado. Não estou dizendo isso!
Aquela mulher, vivendo a situação em que está, a opressão em que está, ela sai e vai buscar de Deus o que precisa, e Ele não deixa de amparar aquele que o busca com fé sincera, verdadeira e, digo mais, ousada.
A exemplo dessa mulher siro-fenícia, eu quero convidar você também a ser ousado na fé. Não é questão de mérito, mas uma questão de fé, de acreditar, buscar, jogar-se aos pés de Jesus, lançar-se na confiança em Deus. Essa mulher assim o fez e a graça de Deus lhe foi favorável. Se nós também o formos, pode ter certeza de que a graça de Deus vem em auxílio à nossa fé.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
https://www.facebook.com/rogeraraujo.cn

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