Homilia do 3º Domingo Comum (22.01.17)
Pe. Luiz Carlos Oliveira
Redentorista
“O Reino de Deus está próximo”
A começar dos mais fracos.
Jesus inicia seu ministério na Galiléia, tendo inclusive mudado de
residência, passando a viver em Cafarnaum, uma cidade mais populosa,
movimentada com comércio, caminho do mar e na margem do lago da
Galiléia. Jesus começa sua atividade numa região mal afamada. É chamada
Galiléia dos pagãos (Mt 4,15 – Is 8,23b) . Era uma população que sofrera
uma mistura de povos. Os galileus eram mal vistos. Jesus ensina até com
a geografia que Deus procura os necessitados. A mentalidade de Jesus
era procurar a ovelha perdida, misturar-se com os pecadores, receber
publicanos e prostitutas, conversar com mulheres e crianças, estar com
gente que não conhecia a lei (Jo 7,49). Era uma posição social sim, mas
nascida do amor de Deus pelos abandonados. Ele ouve sempre o grito do
povo que sofre a escravidão, como podemos ver no Êxodo, nos salmos, nos
evangelhos etc. Notemos que, o modo de Jesus iniciar seu ministério, vai
ser a maneira de conduzi-lo. Que nossa pastoral, em lugar de
privilegiar os bons, procurasse os necessitados e estimulasse os “bons”
para fazer o mesmo caminho. O início do ministério de Jesus é o chamado à
conversão. Esta se dá no coração da pessoa, como se dá o início da
pregação de Jesus: anuncia num mundo imerso em trevas para que sejam
iluminados por uma nova luz. Saíram do escuro do desconhecimento para a
vida nova do Reino. A conversão é a chave da missão de Jesus. Sem ela
permanecem as trevas.
Passando, disse: “Segui-me”!
Jesus usa a mesma mentalidade para escolher seus apóstolos. Os
apóstolos que chama são pessoas humildes e fracas, gente do povo. Ele
parte dos pobres para anunciar a riqueza do Reino. Nesta escolha
convoca-nos a acreditar nas pessoas e dar chance a todos de poderem
exercer o seu dom na comunidade. A formação do apóstolo se dá na
convivência com Jesus. Estar com Ele é o modo de aprender a ser
missionário do Reino, continuar o que fazia e como fazia. Aceitar o
convite é se comprometer com uma pessoa concreta. A Igreja sempre contou
com ministros sagrados para as celebrações e para a pregação. A vocação
consiste sempre no chamado oficial da Igreja. Para saber se o chamado
se dirige a uma pessoa autêntica, é preciso saber da conversão ao Reino.
Aí temos os desencantos da vocação. Se, pelo contrário, a resposta
parte de um coração convertido aos valores do Reino, podemos ter certeza
de um autentico chamado. Ministério não é um emprego, mas um processo
permanente de conversão, sempre saindo das trevas para a luz.
Tudo por um Reino.
O ambiente do Mar da Galiléia é uma constante na pregação de Jesus.
Jesus usa a palavra pescar quando convida os discípulos para segui-Lo.
Pescar nas águas profundas significa tirar as pessoas do mar do obscuro e
do desconhecimento e do abandono total. É preciso lutar, remar e se
esforçar. Lançar as redes é contar com a força da palavra de Jesus. A
presença de Jesus é a garantia de boa pesca no lago profundo do mundo.
Assim somos convocados a segui-Lo, estar com Ele e com Ele exercer a
missão. Esta missão é a chamada à conversão para que o Reino de Deus se
estabeleça entre nós. Por isso Paulo diz na carta aos Coríntios que
todos são de Cristo. Não temos partidos. A Eucaristia nos põe em missão,
como Jesus. Não podemos nos acomodar com as estruturas da Igreja e
dizer que sempre foi assim. É necessário ver se essa estrutura
corresponde ao que se necessita no momento. É preciso sempre voltar à
fonte saindo das trevas para a Luz que é Jesus e seu Reino. Jesus
continua passando e chamando. Quer um mundo que se renova.
Leituras: Is 8,23b-9,3; Sl 26; 1Co 1,10-13.17; Mt 4,12-23
Ficha nº 1616
- Jesus inicia sua missão nas trevas da Galiléia para conduzi-la à luz através da conversão.
- Os apóstolos farão o mesmo caminho. Para quem segue Jesus é preciso o comprometimento da conversão.
- Somos convocados a seguir Jesus, estar com Ele e com Ele exercer a missão.
O que não brilha pode ter ouro.
No garimpo se luta por uma pedrinha dourada. O que não fazem para
encontrá-la? O que não serve vai sendo jogado fora. Jesus começou o
contrário. Viveu na Galiléia dos gentios, quer dizer, pagãos. Era uma
terra meio pagã. Na destruição de Samaria, capital do reino do Norte
(721 AC), os judeus são levados para Nínive e em seu lugar são trazidos
estrangeiros pagãos. Assim se misturam. Acabam por ser meio judeus e
meio pagãos. Por isso os samaritanos e judeus legítimos estarão sempre
em briga.
Jesus escolheu gente dali para ser discípulo seu. Eram muito humildes
e simples. Jesus conhecia o valor daquela gente e sabia escolher o que
iria brilhar. Os judeus diziam: pode vir alguma coisa de Nazaré (Jo
1,46)? Era da Galiléia. Nenhum profeta viera da Galiléia (Jo 7,52).
Maria e José eram simples. Jesus igualmente, pois admiravam sua
sabedoria, tendo vivido ali. Os sumos sacerdotes se admiraram dos
apóstolos serem tão firmes em suas palavras, sabendo que eram iletrados.
O profeta Isaias anuncia um tempo novo. “O povo que vivia nas trevas
viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte uma luz
resplandeceu” (Is 9,1).
Jesus era essa luz: “O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz”
(Mt 4,16). Estamos no início da pregação de Jesus que escolhe seus
discípulos à beira mar para serem os libertadores dos homens das
profundas trevas. Somente conhecendo o sofrimento podemos saber ajudar
na libertação.
Os pobres são os herdeiros das promessas de Deus e recebem também a
missão de levar a outros as notícias da conversão. Os pobres, para
Mateus, são todos os que se abrem à riqueza de Deus e vêem o mundo com
os olhos de Deus.
Fonte - http://www.a12.com/santuario-nacional/santuario-virtual/liturgia-diaria/22/01/2017
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