Homilia da Epifania do Senhor (08.01.17)
Pe. Luiz Carlos de Oliveira
Redentorista
“Deus veio para todos”
Vimos sua estrela no Oriente.
A Epifania é o segundo momento da Manifestação do Senhor. É o mesmo
Mistério visto sob outro ângulo. O primeiro é o Natal, o terceiro é o
Batismo de Jesus e o quarto é a manifestação aos discípulos em Caná.
Deus se manifesta aos humildes do povo, aos Magos, aos judeus no batismo
e por fim aos discípulos. Os Magos eram estudiosos do movimento dos
astros. Eram homens de verdadeira ciência, pois conheciam os caminhos de
Deus. Conheciam a profecia de Balaão: “Vejo, mas não agora, contemplo,
mas não de perto: Um astro se levanta dos acampamentos de Jacó e se
torna chefe” (Números, 24.17). Este astro não é a estrela dos presépios,
mas o próprio Cristo. Quando a viram sobre o lugar onde estava Jesus,
sentiram uma alegria muito grande. Entrando na casa, viram o Menino com
Maria, sua mãe. Adoraram e depois abriram seus cofres e ofereceram-Lhe
presentes: ouro incenso e mirra. Sobre os Magos ficamos mais no nível da
simbologia do que da história. O mais importante é ver o que significa a
narrativa. Para isso temos as outras leituras. Os nomes Gaspar,
Baltazar e Melquior também são simbólicos. São tradições bem
posteriores. Suas “prováveis” relíquias estão em Colônia desde o ano de
1164. Tinham sido trazidas da Palestina para Constantinopla, levadas
para Milão e daí para a Alemanha. O principal é a verdade do Evangelho:
Jesus veio para todos.
A grande revelação
O profeta Isaias diz a Jerusalém: “Levanta-te Jerusalém porque chegou
a tua luz”. Levanta os olhos ao redor e vê: todos se reuniram e vieram a
ti... O mundo em trevas vê uma luz (Is 60,2). Os Magos representam
todos os povos pagãos que buscam Deus e O encontram em Jesus, revelação
do Pai. São Paulo ensina na carta aos Efésios, que recebeu a revelação
de Deus e teve conhecimento do mistério: “Todos os povos são admitidos à
mesma herança, como membros do mesmo corpo são associados à mesma
promessa em Jesus Cristo por meio do Evangelho”. Deus é o Deus de todos.
Não era essa a mentalidade judaica. Cristo veio para todos.
Infelizmente, depois de 2.000 anos ainda temos uma imensa humanidade que
ainda não recebeu este anúncio. Ainda temos que anunciar. No momento,
em lugar de buscar novas formas, estamos esfriando o ardor missionário.
Pode ser que nossa fé não seja suficiente para entusiasmar a missão. A
Igreja está se embaraçando e se perdendo em ritualismos e legalismos,
sem lembrar os males que obscurecem o anúncio do Evangelho. Há os que
pensam que Deus não serve a nada.
Ofertas dos povos
A oferta de ouro, incenso e mirra significa que o Cristo que nasce e,
que eles adoram, é o Senhor rei do universo a quem oferecem o ouro. É
Deus, a quem oferecem o incenso de adoração. Mas é também o homem das
dores, que participa de nossas fraquezas, dores e morte, por isso a
mirra. Ela é uma resina que era usada para embalsamar cadáveres e servia
de anestésico para a dor. Esta é a resposta que podemos dar ao Menino
que nos foi dado. Herodes recusou e quis matá-Lo. Os Magos acolheram,
adoraram e voltaram por outro caminho. Não fizeram o jogo de Herodes.
Herodes continua vivo em tantos projetos que destroem a vida ou o
coração dos pequeninos. Uma renovação da fé deve se espelhar na atitude
manifestada por esses homens. Procurar Deus, mesmo através das ciências
humanas. O conhecimento da Palavra de Deus fundamentará essa busca. E
por-se a caminho, não deixando se envolver por ideologias que querem
eliminar o Menino.
Leituras: Is 60, 1-6; Sl 71; Ef 3, 2-3a.5-6; Mt 2, 1-12.
Ficha nº 1612
- A celebração Epifania do Senhor, manifestação de Deus, é cercada de muitos símbolos que nos fazem entender a missão de Jesus.
- Como Paulo, entendemos que Jesus veio para todos os povos. Os reis são o símbolo.
- Os presentes de ouro, incenso e mirra exprimem a condição de Jesus:
Deus, Homem e sofredor. Os Magos são um modelo de busca de Deus.
Velhinhos danados
Não sabemos se eram velhos, pois a sabedoria é um dom dado também aos
jovens. Não sabemos o que eram, como eram, de onde eram e o que faziam.
Não tinham nomes. Os nomes que damos vieram muito mais tarde. Não eram
reis, nem feiticeiros. Uma coisa é certa: Eram sábios. Estavam seguindo
uma estrela. Eram gente boa, pacífica e sincera.
Quando chegaram a Jerusalém procurando o rei dos judeus que acabava
de nascer, a cidade pegou fogo. Até Herodes se ouriçou. Ainda mais ele
que era cioso de seu poder e para isso matava para se defender.
Herodes reúne os entendidos na religião para saber o lugar do
nascimento do Messias. Todos sabiam, menos ele. É interessante que
nossos poderosos são de uma ignorância religiosa que dá vergonha. Nem
todos, mas a maioria. Por isso fazem tanta danura.
Vão a Belém e a estrela brilha sobre o lugar onde estava o Menino. Na
verdade, o Menino Jesus é a estrela. O evangelho diz que se alegraram
com uma alegria muito grande. É a alegria divina. Adoraram e abriram
seus presentes: ouro, incenso e mirra. Não se trata só de um presente,
mas o reconhecimento de Jesus como Rei, Deus e Homem das dores.
Eles, espertos, percebendo o golpe que Herodes queria dar e que
acabaria também com eles, voltaram para suas terras por outro caminho.
Depois que a gente encontra Jesus, sempre mudamos os caminhos.
Lembramos que são pagãos esses homens. Deus se abre a todos que O
procuram. Entramos em seu pensamento de vamos levar o Messias a outros,
porque Ele tem muito a oferecer a cada pessoa. A salvação é para todos
os povos.
Fonte - http://www.a12.com/santuario-nacional/santuario-virtual/liturgia-diaria/08/01/2017
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