Homilia do 17º Domingo Comum (24.07.16)
Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“Ensina-nos a rezar”
Quando orardes, dizei
São Paulo, dizendo que com Cristo fomos
sepultados no batismo e com Ele fomos ressuscitados por meio da fé
(Cl2,12), assegura-nos o direito de falar com Deus através da oração.
Jesus mesmo é o mestre da oração. Os discípulos, vendo-O rezar,
disseram-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar como João ensinou a seus
discípulos” (Lc 11,1).
Jesus faz então a catequese sobre a
oração. Não somente ensina a rezar, mas dá-nos sua própria oração. Era o
que rezava. A maior lição é seu exemplo. Jesus, em sua condição
divino-humana reza ao Pai. Assim permanece para sempre como o mestre da
oração. Ele revela: “Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu
nome”... Lucas inicia a oração chamando a Deus de “Abbá”
(Paizinho) em aramaico, termo jamais usado assim no Antigo Testamento.
Jesus nos revela a ternura de Deus comunicada para ser caminho da
oração. Santificar o nome de Deus é fazê-Lo conhecido. É uma dimensão
missionária.
Conhecer resulta em anunciar. O Reino
que chamamos é o próprio Jesus e seu Espírito que se manifestam. Lucas
não diz “seja feita a vossa vontade”, pois usa um texto mais primitivo. A
seguir apresenta três pedidos para as necessidades cotidianas: O pão de
cada dia.
Também se refere ao pão da Palavra e ao
Pão da Eucaristia que são simbolizados pelo pão cotidiano; o perdão dos
pecados é a promessa de Deus para a remissão total, dom do Espírito
Santo; ser livre da tentação é ser livre do mal pelo dom do Espírito. O
Pai-Nosso, abraço querido no Pai chamado de Paizinho, é o caminho da
oração. O que devo rezar? O Pai Nosso. O perdão que pedimos está ligado
ao perdão que damos. A oração passa pelo perdão.
Pedi com insistência
Jesus narra a parábola do amigo
inoportuno para ensinar a perseverança na oração. Deus não retarda na
resposta e atende imediato. Se nos parece demorada a resposta, lembremos
que ela é o abraço do Paizinho. Que mais precisamos além de estar em
afeto com o Pai? Se nos deu Jesus, que mais precisa nos dar? (Rm 8,32).
Temos tudo ou podemos dizer: com Ele
temos todas as soluções porque com Ele saberemos viver. Abraão
pechinchou com Deus tentando evitar a destruição de Sodoma. O importante
é o diálogo com Deus. Que criança não é atendida quando vem
manhosamente pedindo ao paizinho alguma coisa. A insistência e a
perseverança são partes integrantes da oração. É comum se ouvir que
“Deus não me atendeu. Então fui procurar outro rumo”. Na verdade o Pai
atende sempre.
O que acontece é que não esperamos que
atenda. Às vezes não prestamos atenção na resposta. É preciso fé e
confiança. Quem pede com confiança pode ter certeza que já o recebeu. O
Salmo nos leva a rezar: “Naquele dia em que gritei, Vós, Senhor, me
escutastes... (Sl 137). Por isso vale a pena bater, insistir e procurar.
O Pai não dá uma pedra
A parábola continua com uma conclusão na
qual Jesus afirma que Deus sabe atender muito melhor do que nós. Sendo
Pai bom, não vai dar uma pedra a um filhinho que pede um pão nem uma
cobra a quem pede um peixe nem um escorpião a quem pede um ovo. Três
alimentos importantes não faltarão aos filhos. O Pai é muito bom. Nós,
em nossas fragilidades e maldades, sabemos dar coisas boas aos nossos
filhos. Quanto mais o Pai que é bom, dará o Espírito Santo aos que O
pedirem. Dá mais do que precisamos quando pedimos. Dá o Espírito Santo
que nos dará todos os dons. Por que repetimos sempre as orações na
liturgia. O importante é o vigor da perseverança.
Leituras: Genesis 18,20-32;Salmo 137; Colossenses 2,12-14; Lucas 11,01-13
Ficha nº - Homilia do 17º Domingo Comum (24.07.16)
- Jesus ensina a rezar dando-nos sua oração que preenche toda a necessidade e riqueza. A base da oração é a ternura do Pai e do filho que o acaricia com o Abbá.
A oração do Pai Nosso contém tudo o que precisamos: o Espírito Santo.
- A oração deve ser insistente e perseverante. A demora da resposta se justifica na ternura do diálogo com o Pai. Abraão foi insistente com Deus. Nem sempre esperamos a resposta de Deus ou entendemos que já respondeu.
- O Pai atende melhor do que nós que somos maus. Não faltará nada ao filhinho.
Sujeito chato!
O tema da liturgia do 17º domingo comum é
a oração. Os discípulos disseram: “Mestre, ensina-nos a rezar, como
João ensinou seus discípulos.
Jesus era um homem de oração e dava
testemunho de sua oração. Jesus lhes passa sua experiência pessoal de
oração, mais ainda, passa sua oração para que eles a façam. Rezar é
unir-se a Jesus em sua oração.
A seguir Jesus conta a parábola do amigo
chato. Quer pão emprestado e não desiste enquanto não o recebe. A
oração não é um discurso bonito para Deus, mas um pedido insistente até
incomodar.
É o que vemos no diálogo de Abraão com
Deus para livrar Sodoma da destruição. Como todo oriental, “negocia” com
Deus. É a lição da persistência. Deus quer ser incomodado para que
esteja mais tempo conosco. Oração não é para ter coisas, mas para ter
Deus.
A oração de Jesus implorando para ser
livre da morte foi ouvida por Deus dando-Lhe o alívio do sofrimento, mas
a glorificação pela ressurreição.
Nossos pedidos a Deus não caem num
coração maldoso, e sim, no coração bondoso do Pai que não dá pedra a
quem pede um pão, não cobra se pede um peixe. Não dá escorpião se pede
um ovo. O Pai é bom demais.
Por isso podemos dizer: Ó Senhor, de
coração eu Vos dou graça, porque ouvistes as palavras de meus lábios (Sl
137). Pedimos ainda que Deus leve a cabo a obra que iniciou em nós.
Afinal, a obra é Dele.
Batamos à porta, com insistência. Ela será aberta sempre.
Fonte - http://www.a12.com/santuario-nacional/santuario-virtual/liturgia-diaria/24/07/2016
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