Aquele homem de mão seca foi colocado no meio da sinagoga por Jesus e
as pessoas estavam preocupadas, observando se o Senhor seria capaz de
curá-lo no dia de sábado.
Veja, a escravidão da Lei era uma coisa muito séria, muito grave,
pois ela havia endurecido o coração daqueles homens, e estavam tão
preocupados em guardar e observá-la, que não eram mais capazes de
compreender o coração humano, de se compadecerem do sofrimento e da
necessidade do outro.
Eles [os fariseus] estavam não só com as mãos, mas com o coração e a
cabeça enfaixados. Eram duros demais, e para Jesus ficar irado, porque é
assim que nos diz a Palavra, é porque a dureza do coração deles era
grande demais. Ninguém se importou com o coração daquele homem, estavam
todos preocupados com as Leis, com os preceitos divinos.
Meus irmãos, estamos, muitas vezes, preocupados com as toalhas do
altar, com as velas, com tantos preceitos e regras, com incensos, e
querendo que tudo seja bem feito, mas com o ser humano a preocupação é
mínima. “Que o Governo cuide! Que tal pessoa cuide!”. Quem tem de cuidar
do sofrimento e da dor do outro somos nós! Não podemos deixar que a
religião e os preceitos religiosos endureçam nosso coração, torne-nos
cegos e com o coração fechado ao sofrimento do outro.
Existem muitas pessoas com a mão e o coração seco, muitas sofridas,
caídas e machucadas ao nosso lado; estamos, muitas vezes, preocupados
com a Igreja, se ela é tradicional, conservadora, se reza em latim ou
grego e nos esquecemos do essencial: a religião está a serviço do ser
humano, a serviço de salvar e libertar os corações!
O Ano da Misericórdia não é somente para buscarmos os confessionários
e nos arrependermos do pecado. O Ano da Misericórdia precisa fazer de
nós homens e mulheres misericordiosos, precisa fazer da Igreja um
coração misericordioso como é o de Jesus.
Nós não podemos viver a religião dos preceitos, e sim a religião da
vida e da misericórdia! O lugar do coração humano, de a pessoa humana
ser cuidada é dentro da Igreja, é no coração da Igreja.
A Igreja precisa sair e, como o Papa Francisco diz, uma Igreja “em
saída” para cuidar do outro, para se desgastar pelos outros, porque têm
muitas pessoas sofridas, machucadas, precisando mais de cuidados do que
conhecedores de preceitos canônicos e leis divinas.
Deus abençoe você!
Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
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